Mês da mulher: as múltiplas capacidades e a trajetória daquelas que fazem a Saúde do Ceará

Carla Barroso, secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), tem passagens pela Pedagogia, pela Enfermagem e pela auditoria e orçamento

A gestão e a sensibilidade no cuidado sempre estiveram presentes na trajetória profissional de Carla Barroso, secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Com passagens pela Pedagogia, pela Enfermagem e pela auditoria e orçamento, acredita que todas as experiências contribuíram para que hoje ela exercesse o trabalho de forma mais sensível. “Comecei como diretora da maior escola do município de Itapipoca. Lá, também fui diretora de Empreendedorismo do município, o que me fez conhecer muitas mulheres e trabalhar com recursos e a valorização das pessoas”, rememora.

Em 2007, veio para Fortaleza para trabalhar na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), onde aprendeu na prática como ocorriam as discussões sobre orçamento público, o que fez parte da sua vida profissional por muitos anos. “Na Alece, pude conhecer os bastidores das comissões de orçamento e toda a construção da distribuição dos recursos que tanto fazem a diferença na assistência”.

Nessa época, sentiu um despertamento para trabalhar diretamente com a saúde e foi cursar Enfermagem. “Eu queria fazer algo real pelas pessoas. Como enfermeira, eu poderia cuidar delas de forma mais concreta e segui por esse caminho”.

Mesmo cursando Enfermagem, Carla Barroso continuou conciliando o curso ao trabalho na Alece. “Na Assembleia, eu também trabalhava com recursos humanos e assim foi por muitos anos”.

Seu ingresso na Sesa ocorreu há dez anos, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), como enfermeira plantonista. “Eu era plantonista no horário noturno, trabalhava na sala de recuperação de pacientes com perfil grave. Gostava porque era um trabalho bastante desafiador, com um cuidado mais intensivo”.

Para ela, essa experiência na assistência direta aos pacientes como enfermeira, contribuiu para que ela se tornasse uma pessoa melhor. “Quem cuida de um paciente passa a ter mais sensibilidade. Hoje, ao olhar um processo, eu consigo perceber melhor a diferença que isso irá fazer na vida da população. Você não vê um número somente, mas o impacto que terá no cuidado do paciente”.

Após o nascimento do segundo filho, Carla Barroso seguiu em cargo de gestão. “Trabalhei um tempo na auditoria do HGF, até pela minha experiência anterior nessa área. Depois, surgiu o desafio de atuar como diretora financeira do hospital”. No período em que esteve na diretoria do HGF, enfrentou a pandemia. “Passei a pandemia toda trabalhando presencialmente no hospital e, perdi colegas que trabalhavam diretamente comigo. Foi um tempo muito difícil”.

Em 2021, foi convidada a vir para a Sesa, para assumir a coordenadoria de orçamento. “Tenho muita fé e acredito que se somos convidadas a assumir uma missão, isso deve ter um propósito. Encarei o desafio”.

Três anos depois, foi desafiada a assumir uma missão ainda maior: a secretaria executiva. “Em julho de 2024, recebi a proposta de assumir a Sepgi e assim coordenar não apenas o orçamento, mas também a gestão de pessoas, o planejamento institucional e a qualidade”.

Como secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna, Carla Barroso, acredita em uma gestão integrada e que valoriza a força de trabalho, independente do vínculo. “Na gestão moderna, temos que perceber a interface entre os diferentes processos de trabalho. No caso específico da gestão de pessoas, acredito que devemos cuidar da nossa força de trabalho independente do vínculo, porque é a vontade de crescer e contribuir que fazem a diferença”.

Casada há 24 anos e mãe de dois filhos, é na fé e na família que Carla Barroso busca seu refúgio, assim como em sua fazenda em Itapipoca. “Gosto de ficar em meio à natureza, cuidar dos meus cavalos, cavalgar, ter esses pequenos momentos com minha família, meus irmãos e amigos. Sou católica e também procuro sempre alimentar minha fé e estar aos domingos na casa do Senhor, sou filha de uma mulher muito trabalhadora que me ensinou a enfrentar o mundo com muita coragem e determinação, sem seu apoio e amor, eu não teria conseguido construir minha própria história de vida”, conclui.

Cuidado e gestão como caminho profissional

A orientadora da Célula de Atenção à Pessoa com Deficiência e Outras Necessidades Essenciais da Sesa (Cedef), Sheila Santiago, é enfermeira e servidora da Sesa há 41 anos

A orientadora da Célula de Atenção à Pessoa com Deficiência e Outras Necessidades Essenciais da Sesa (Cedef), Sheila Santiago, é enfermeira e servidora da Sesa há 41 anos. Sua trajetória profissional também se iniciou na assistência aos pacientes. “Eu comecei atendendo aos pacientes diretamente, como enfermeira, especialmente os que tinham tuberculose. Hoje, também sou membro da Parceria Brasileira Contra a Tuberculose – Stop TB Brasil”.

A orientadora do Cedef também notava sua inclinação para a gestão e seguiu esse caminho. “Fui orientadora de várias células, assim como supervisora e gerente de setores, tanto na Sesa como também no município. Gosto de desenvolver esse tipo de trabalho”.

Sheila Santiago, já como trabalhadora da Sesa, em reunião com sociedade civil para a formação de conselhos de saúde

Outra paixão é por se aprimorar em sua área. “Gosto tanto da política pública que resolvi fazer o Mestrado em Avaliação de Políticas Públicas na Universidade Federal do Ceará, mesmo com várias décadas atuando na saúde. Também sou mestre em Saúde Pública e fiz seis especializações”.

Como gestora, está sempre atenta sobre como os serviços são disponibilizados à população. “Na gestão da saúde, procuramos sempre aprimorar os serviços, planejando e implementando políticas para otimizar o atendimento e criando condições melhores para os profissionais da linha de frente trabalharem com segurança e eficiência para nossos usuários do SUS”.

Participando de um encontro de enfermeiros em 1985

Para se manter bem, a servidora procura equilibrar a vida pessoal e profissional. “A gestão na saúde pode ser estressante. Então, momentos de descanso, lazer e apoio emocional são fundamentais. Aprendi a estabelecer limites e sei que separar o trabalho da vida pessoal é difícil, mas às vezes, é necessário. Tento desconectar fora do expediente e aprendi a dizer não quando preciso, para evitar a sobrecarga”, finaliza.

LEIA TAMBÉM: “Amor pelo ato de cuidar de pessoas”: a dedicação de mulheres que fazem a Saúde do Ceará