Estudantes da rede pública cearense iniciam ano letivo de 2025 com metas de aprendizagem e sonhos

Nesta quinta (6), o governador Elmano visitou uma escola em tempo integral na Capital e conversou com os estudantes

No Ceará, mais de 390 mil alunos e alunas da rede pública estadual iniciaram nesta semana o novo ano letivo. Muitos desses jovens ingressaram em 2025 no Ensino Médio, como é o caso de Giulia Braga, de 14 anos, estudante da 1ª série na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Deputado Paulo Benevides, localizada no bairro Messejana, em Fortaleza.

Giulia compartilha as expectativas e sonhos que surgem com esta nova fase. “Estou ansiosa para os novos conteúdos, novas matérias, novos professores. Estou com uma boa expectativa, porque é muito bom saber que o que vou estudar em uma escola tão boa vai ser fundamental ao longo da vida”, acredita a estudante, que pretende ser arquiteta.

A escola de Giulia recebeu, nesta quinta-feira (6), a visita do governador Elmano de Freitas e da secretária da Educação, Eliana Estrela. “Eu, como governador, trabalho para ampliar as possibilidades dos estudantes que sonham em ingressar na universidade ou empreender. Se o filho da professora aposentada pode ser governador, eles também podem ser o que quiserem”, destaca Elmano de Freitas.

A EEMTI Dep. Paulo Benevides é uma das 513 escolas em tempo integral da rede pública estadual, que é composta por 755 unidades de ensino no total. O governador reafirma o compromisso com investimentos para ampliar o acesso ao ensino em tempo integral no Ceará. Atualmente, mais de 75% da rede estadual está em jornada ampliada.

“Ano passado, nós fizemos um investimento de R$ 100 milhões para a aquisição de 228 mil tablets e, agora, que inicia o ano letivo, temos novos alunos do 1° ano. Nós queremos que todos os alunos da rede pública estadual tenham o tablet. Também queremos que todos estudem em escola de tempo integral. Para isso, nós vamos entregar todas as 138 novas escolas”, garante.

Esse investimento é fundamental para a aprendizagem e projetos de vida dos estudantes. Ano passado, 633 estudantes de escolas públicas cearenses conquistaram notas entre 950 e mil pontos na redação do Enem de 2024. Desse total, 32 estudantes tiveram notas acima de 980 pontos e 601 estudantes receberam notas entre 950 a 980. Com isso, a rede estadual do Ceará ocupa a liderança entre as redes públicas com bons resultados na redação do Enem 2024.

A titular da Seduc pontua o trabalho que faz a rede estadual ser a terceira melhor do Brasil no Ideb. “Damos boas-vindas aos nossos estudantes neste momento de acolhida e aos nossos professores, que merecem todo o reconhecimento pela linda missão junto aos estudantes. Escola se faz a muitas mãos dedicadas que acreditam nos sonhos”, frisa a secretária Eliana Estrela.

João Gabriel Ribeiro, 17, está cursando a 3ª série do Ensino Médio na Paulo Benevides. Em 2024, participou do Exame Nacional do Ensino Médio como treineiro. A escola atingiu a marca de 100% de inscritos no Exame. No Ceará, 100% dos concluintes do ensino médio matriculados na rede pública do estado se inscreveram para o Enem 2024, ou seja, um total de 97.283 estudantes.

“Eu quero ser Engenheiro Civil, para dar uma vida boa para os meus pais, porque nós já enfrentamos várias dificuldades ao longo da vida. Na minha família não tem engenheiro, meu pai é caminhoneiro, minha mãe é professora. Sempre foi meu sonho, sempre gostei das coisas que os engenheiros fazem. Este ano eu vou dar o meu máximo”, enfatiza.

Educar para os sonhos

Na escola de Giulia e João Gabriel são mais de mil alunos matriculados, distribuídos em 15 turmas do Integral A, das 07h às 14h, e 15 turmas do Integral B, das 14h30 às 21h30. Fundada em 1976, a unidade de ensino ofertava, inicialmente, cursos de habilitação profissional em nível de 2º grau, com o objetivo de integrar o aluno no mercado de trabalho da própria comunidade. A partir do ano de 2021, a escola ganhou a denominação atual e passou a funcionar no formato de Escola de Ensino Médio em Tempo Integral.

A auxiliar de cozinha Natália Campos, 37, foi aluna da Paulo Benevides de 2021 a 2022. Na instituição, ela concluiu o Ensino Médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Hoje, é o filho dela, o estudante Apollo Campos, 17, que está concluindo a 3ª série em tempo integral.

“Quando eu estava no EJA, houve a reforma para adaptar a escola ao tempo integral, que ainda não era assim. Logo em seguida, meu filho entrou, e foi ele que quis vir para cá, porque tinha outras opções. Eu fico muito feliz. Nós amamos os professores, a coordenação, todo o corpo da escola”.

Maria do Socorro Lima, diretora da unidade de ensino, fala sobre o trabalho desenvolvido junto aos estudantes, para aprimorar a aprendizagem e apoiá-los na jornada estudantil. “Nossa escola trabalha em uma jornada ampliada diferente, com mais de mil sonhos e histórias. Não é só sobre conteúdo, mas é o que esse conteúdo vai agregar na vida e como o estudante vai trabalhar isso de uma forma bem organizada, de uma forma que realmente consiga, ao final do ensino médio, estar ali preparado para as universidades e seus projetos de vida”, afirma.

Além do currículo escolar, os alunos também são incentivados a participarem de projetos como o grêmio estudantil, Ceará Científico e Olimpíadas Nacionais do Conhecimento.

Para o ano letivo de 2025, outros projetos serão fortalecidos com o objetivo facilitar o processo ensino-aprendizagem dos alunos: Feira de Ciências, Arte e Cultura; Africanidades; Aprova PB; Sociedade dos Alunos Insistentes; Simulados Spaece, Saeb, Uece e Enem; Laboratório de Redação e Aulões de Preparação Enem.

“O cursinho pré-vestibular [curso PB] é o nosso carro-chefe. O cursinho acontece três dias na semana, sempre nos dias dos planejamentos, que são terça, quarta e quinta, com o total de duas horas por dia. A gente teve a ideia, conversamos com os professores, e eles ficam voluntariamente duas horas a mais com os estudantes”, acrescenta Socorro.

Um exemplo dessa dedicação coletiva é a Maria Eleni Costa, 18, aprovada em Letras-Português na Universidade Federal do Ceará e na Universidade Estadual do Ceará. “Eu acho que o fato de eu ter passado foi por causa da escola, porque nesses três anos eu passei por muita coisa. Toda a base que eu tive para continuar foi por causa da escola. Seja pelos aulões, seja por momentos em que eu estava quase desistindo, e eu ia para coordenação, conversava com a diretora. Momentos assim foram um divisor de águas na minha vida”, conta.

Mais conexão fora das telas

Uma das novidades da rede estadual neste ano letivo é a restrição ao uso de celular na sala de aula, em cumprimento à Lei Federal 15.100.

O professor de História Paulo Henrique Freitas destaca que já é perceptível a participação ativa dos estudantes, além da integração. “Os estudantes estranharam um pouco, né? Mas é uma coisa necessária, a gente sabe que é necessário. Mas foi bem interessante, com o passar das aulas, no jantar deles, percebemos muito ontem que eles começaram a interagir entre eles. Sentaram, conversaram uns com os outros, brincaram um pouco”, avalia.

A Seduc tem atuado na promoção do uso pedagógico de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais nas escolas, muito antes do recente debate em torno do Projeto de Lei 4.932/2024. Essa discussão integra as ações do Programa Ceará Educa Mais, que busca modernizar o ensino e incorporar as tecnologias de forma estruturada no processo educacional.

Ainda no ano passado, a pasta reforçou as orientações a respeito do uso do celular em sala de aula, a importância de a escola conversar com seus alunos sobre a utilização, de acordo com as definições da escola, dependendo da metodologia e do trabalho propostos, em conformidade com o regimento de cada unidade de ensino.

Em 2025, a Seduc reforça que a orientação faz parte das Diretrizes para o ano letivo, elaboradas pela pasta, com o objetivo de orientar e alinhar o trabalho pedagógico a ser realizado pela rede pública estadual de ensino. Dessa forma, cada escola com sua comunidade escolar estabelecerá as regras, por meio do regimento escolar, que será atualizado quanto ao uso do celular na escola.

O Ministério da Educação (MEC) também dispõe deguias para orientar o uso de celulares na escola.