A inclusão de atletas surdos nas variadas modalidades praticadas no estado com a infraestrutura correta e visibilidade. Esse foi o tema principal do encontro realizado, nessa terça-feira (9), entre os representantes da Central de Surdos da Bahia (Cesba) e da Federação Baiana de Desportos dos Surdos (FBADS) com a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
O diretor-geral da Sudesb, Vicente Neto, e a representante do Núcleo do Paradesporto da autarquia, Nayara Falcão, frisaram o comprometimento nas políticas públicas do esporte e lazer para as pessoas com deficiência, sensibilizando os atores sociais e adaptando estatutos ainda obsoletos. “O objetivo principal é revisitar a lei estadual datada de 2012 que regula o esporte e o lazer na Bahia para acrescentar temas que antes não eram discutidos, tornando a Sudesb em uma facilitadora do paradesporto baiano”, adiantou Vicente Neto.
Segundo o gestor, a Sudesb está empenhada no sistema estadual do esporte e lazer, em duas frentes: participação das mulheres no esporte, que ainda é pequena em relação ao número de homens; e participação no paradesporto. “Por essa razão, estamos em processo de construção do Núcleo do Paradesporto da Sudesb. Precisamos de parceiros como vocês para dar congraçamento e valorização humana”, comentou Vicente.
O atleta surdo do vôlei de praia e membro das duas entidades presentes, Lucas Jambeiro, agradeceu a oportunidade de poder expressar mais sobre os projetos realizados e as conquistas, inclusive, com uma competição de futebol no ano de 2022 no Estádio de Pituaçu após cessão do espaço pela Sudesb.
A Cesba já tem 44 anos de existência e foi criado por causa do esporte. Por isso, a relevância dada às dez modalidades lá praticadas. “Nós somos campeões em tudo que nos propomos no esporte”, conclui Lucas.
Iniciação Esportiva
Nayara Falcão, atleta da paracanogaem e ex-campeã mundial, explica também a importância de encontros como este. “As pessoas com deficiência estão em todos os lugares. Precisamos de uma frente de ação de política pública que alcance o interior para que o esporte seja uma ferramenta valiosa de inclusão da pessoa com deficiência, com foco na iniciação/participação e que esteja no ambiente escolar. O esporte ajuda muitas pessoas, ainda mais estes grupos, na infância. Inclusão não é ter uma competição só para surdos, mas que os incluam juntos com outros seres humanos sem deficiência e com outras deficiências. O esporte é uma ferramenta para nos acolher e fortalecer em outros ambientes sociais”, aponta Nayara.
Como desdobramento prático da conversa, o próximo passo será uma conversa da Sudesb com as federações que firmaram um compromisso, no início do ano, para realizar ações de incentivo à prática do paradesporto, para abrir portas para as modalidades praticadas pelos surdos da Bahia. Para eles, como exemplos, a Federação Bahiana de Basketball (FBB) e a Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA), com a inclusão de pessoas com deficiência em projetos sociais e competições.
“Nós temos que fazer essa ponte com as federações. Os atletas podem nos ajudar a entender a tecnologia e, assim, estruturar núcleos pela Bahia inteira. É fundamental essa troca. Por isso, estes encontros são importantes para propiciar cenários e entender como direcionar para as melhores soluções de inclusão”, complementa Vicente.
A presidente da Cesba, Márcia Gonçalves, e a intérprete, Cíntia Santos, agradeceram o convite e se encantaram pelo programa Natação em Rede, uma parceria da FBDA e da Sudesb na Piscina Olímpica da Bahia, na Avenida Bonocô, e estreitaram laços para participar. “O preconceito começa com a falta de conhecimento e acesso às vozes dos surdos pela libra, o que demanda de tradução e intérpretes. Só poderemos participar se tivermos acessibilidade com pessoas capacitadas. Estou emocionada em ver o comprometimento de vocês e faremos o mesmo”, pontua Márcia.
Nayara finaliza comentando que haverá uma rodada de capacitação do projeto Inclusão da Pessoa com Deficiência, no dia 05 de junho, organizado por ela e que fornece treinamentos aos profissionais de educação física do Projeto Natação em Rede 4, sendo dedicada exclusivamente para os surdos, em que irão falar das suas vivências para fazer o esporte acontecer sem o olhar preconceituoso das pessoas, conhecendo e reconhecendo seu local na sociedade.
Fonte:Ascom/Sudesb
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