Nesta semana, João Miguel Santana, ou Jomi, iniciou sua residência artística no ateliê da Academia Alfredo Andersen. O artista ocupará o espaço até dia 10 de abril para desenvolver sua pesquisa “Como Pintar um Espelho?”, dedicada a fazer um retrato do Museu Casa Alfredo Andersen com seus funcionários.
Com o objetivo de apresentar as residências artísticas como ambiente de formação, criação e difusão, os alunos e visitantes do Museu têm a possibilidade de visitar o ateliê para falar com o artista e saber mais sobre seu processo de criação. As visitas ao residente estão abertas de terça a sexta, no período da manhã das 9 às 12h, e no período da tarde das 14h às 18h.
Natural de Cornélio Procópio, Norte do Estado, João Miguel afirma que sua pesquisa busca desmistificar espaços culturais como os museus. “Antes sentia uma barreira social invisível ao entrar nos museus, como se estes espaços não fossem feitos para pessoas como eu”, afirma o artista.
Utilizando metodologias da crítica cultural, a pesquisa do artista considera o museu como produtor de identidades e, por meio de entrevistas com diferentes profissionais que trabalham no espaço, a criação artística se dará em duas ações paralelas: a criação de um documentário de cinco minutos com relatos gravados dos profissionais do MCAA e investigação dos espelhos no acervo do Museu, produzindo pinturas de reflexos vazios.
Ao final de sua residência, a partir das produções de multimídias criadas, João montará um protótipo de seu próprio museu, um museu fictício. A inspiração partiu do trabalho do artista belga Marcel Broodthaers, que inaugurou o primeiro museu de arte contemporânea de Bruxelas, intitulado “Museu de Arte Contemporânea Departamento das Águias”, em sua própria casa em 1968. João por sua vez inaugura o “Museu de Arte Contemporânea Departamento dos Espelhos” de uma forma itinerante e conceitual, pois o museu não possui um espaço físico.
Apesar de não existir fisicamente, o MAC Departamento de Espelhos possui conselheiros, autorização para o uso do nome e João assina documentos institucionalmente. A partir de cartas públicas, divulgadas nas redes sociais de João, o artista cria a divulgação do museu.
“Pretendo com essa residência estabelecer um diálogo reflexivo junto ao MCAA sobre questões contemporâneas acerca das instituições de arte na cidade de Curitiba”, explica o artista. A montagem do museu de João no MCAA concretiza a materialização do conceito criado pelo artista.
Para além da residência, a ligação do artista com o MCAA começou em 2024, quando João começou o curso de pintura na Academia Alfredo Andersen. “Eu fiquei apaixonado pelo Andersen. O ateliê, a formação gratuita, e outras ações daqui são muito importantes para o campo da arte. É uma honra participar deste espaço”, diz.
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA– O projeto de residência artística é uma iniciativa da Academia Alfredo Andersen para estabelecer um espaço de aperfeiçoamento e trocas de experiências com artistas, produções e projetos nas artes visuais. Os artistas convidados a participarem do período de residência permanecem no Ateliê do Complexo Andersen por um mês, desenvolvendo suas linhas de pesquisa.
Desde 2019, a residência já recebeu artistas nacionais e internacionais que, além da criação própria, também abriram oficinas e workshops para compartilhar seus conhecimentos com o público, demonstrando o comprometimento com a divulgação de educação artística.
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