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Cuidado integral a populações vulneráveis pauta seminário para profissionais de saúde na ESP/CE

Iniciativa reuniu diversas categorias da Atenção Primária à Saúde (APS), como enfermeiros, dentistas, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeu...

10/12/2024 às 12h11
Por: GIDEON CORREA Fonte: Secom Ceará
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Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Allana Maia, mulher transgênero, 28, nunca pensou em ser médica, pois acreditava que o futuro seria no universo das artes. Entretanto, ao visitar uma faculdade de medicina, a jovem se apaixonou pela ideia de seguir a carreira. “Foi esse primeiro contato que me despertou o desejo, porque nos foi apresentado tudo, da anatomia até as salas de simulação. Eu me vi ali, como se já fosse uma universitária”, relembra.

Natural de Limoeiro do Norte (CE), ela decidiu deixar a terra natal para tentar o vestibular em Fortaleza. Após três anos matriculada num curso preparatório, veio a tão sonhada aprovação. “Eu era muito ligada à área das humanidades, mas, depois que entrei [sic] para a saúde, percebi que não há nada mais humano do que lidar com pessoas, ajudá-las e entendê-las de maneira integral; vai além de apenas identificar doenças”, relata.

Hoje a profissional atua num posto de saúde do bairro Conjunto Palmeiras, na Capital. Além do contexto de vulnerabilidade social vivenciado por grande parte do público atendido por ela, a desinformação é um grande desafio. “As pessoas cometem erros ao me chamar de ‘ele’, de ‘doutor’ e, muitas vezes, sei que não é intencional, mas isso não deixa de ser uma forma de transfobia. Por isso, me coloco nesse lugar de ensinar. Existe a relação médico-paciente que preciso estabelecer, mas entendo que eles também estão em uma situação de vulnerabilidade. Por isso, é necessário ser pedagógica”, revela Allana.

Maia foi uma das participantes do seminário temático “Desafios e Potencialidades da Abordagem Integral na APS para Indígenas, Negros, Pessoas em Situação de Rua e LGBTQIAPN+”, realizado pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), em parceria com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), nos dias 5 e 6 de dezembro.

O evento buscou proporcionar uma reflexão crítica sobre os cuidados às populações vulneráveis no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), promovendo palestras, mesas-redondas e debates.

Para Allana, que enfrenta diariamente diversas dificuldades simplesmente por existir, a iniciativa teve um valor ímpar. Assista o depoimento completo:

Da periferia de Fortaleza às demais regiões do estado, outro desafio: o atendimento aos povos indígenas.

Raquel da Silva Alves, assistente social do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (Dsei/CE), que atua com foco no Povo Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, contribuiu com a programação do encontro e explanou sobre a perspectiva do serviço integral à saúde, no âmbito do conhecimento convencional e da relação com os saberes ancestrais dos territórios. Ouça:

Ponto de partida

A ideia de organizar o seminário surgiu no processo formativo da Especialização em Atenção Primária (APS) da ESP/CE. Segundo a gerente de Pós-Graduação em Saúde da autarquia, Ligia Lucena, diversos fatores foram considerados na hora de formatar o circuito de atividades. Veja:

A secretária executiva da Atenção Primária e Políticas de Saúde da Sesa, Vaudelice Mota, que representou a titular da pasta, Tânia Mara Coelho, na abertura do evento, destacou a integralidade como estratégia no atendimento dessas populações.

“A sociedade e o Estado têm um dever histórico de atendê-las adequadamente, de uma forma humana e integral e que respeite as identidades culturais e as próprias identificações individuais. Então, é muito importante que a APS esteja se fortalecendo para desenvolver estratégias que atendam adequadamente todos os públicos”, destaca.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará
Lipe da Silva, militante do Movimento Negro Unificado, foi uma das palestrantes do evento e conduziu a exposição “Participação Social na Saúde Integral da População Negra”

A expectativa é de que, a partir das próximas turmas do curso de pós-graduação, novas edições do seminário sejam realizadas para aproximar os alunos em formação com a comunidade e movimentar a discussão sobre a temática.

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