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Dezembro vermelho: conheça a prevenção combinada e saiba como se prevenir contra o HIV e outras ISTs

Mesmo com várias opções de prevenção, a camisinha continua sendo o único método que previne contra todas as ISTs Você já ouviu falar em prevenção c...

03/12/2024 às 10h31
Por: GIDEON CORREA Fonte: Secom Ceará
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Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Você já ouviu falar em prevenção combinada? Conforme definição do Ministério da Saúde, o termo refere-se à associação de diferentes estratégias de prevenção ao HIV e a outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), numa perspectiva voltada à saúde integral das pessoas. Neste Dezembro Vermelho, mês de conscientização sobre HIV, aids e outras ISTs, especialistas do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), informam sobre as principais formas de prevenção contra essas infecções.

A principal forma de se prevenir não só contra o HIV, mas contra todas as outras ISTs, continua sendo a famosa camisinha. Segundo a coordenadora do Núcleo de Telessaúde da Sesa e infectologista do HSJ, Melissa Medeiros, as ISTs são transmitidas por relação sexual vaginal ou anal, ou, ainda, por sexo oral. “Mesmo a sífilis pode ser transmitida por sexo oral, se a pessoa tiver uma lesão primária na boca. Além disso, algumas infecções são assintomáticas: nem sempre seu parceiro ou sua parceira vai estar com aquele corrimento característico das ISTs. Por isso, é importante usar o preservativo”, enfatiza.

A médica alerta ainda que algumas bactérias causadoras de ISTs — a exemplo da Neisseria gonorrhoeae, causadora da gonorreia — têm desenvolvido resistência aos medicamentos orais mais utilizados no tratamento. “Muitas vezes, o tratamento que antes era feito com comprimidos, nós precisaremos fazer com medicações injetáveis. É importante saber se prevenir e entender que a segurança depende da gente”, reforça.

PrEP e PEP

Atualmente, quando se trata da prevenção ao HIV, existem outras alternativas além da camisinha. São as chamadas profilaxias pré e pós-exposição: PrEP e PEP. Disponível no SUS desde 2018, a PrEP é indicada para as pessoas em risco aumentado para a infecção pelo HIV e deve ser tomada antes da relação sexual. De acordo com a infectologista do HSJ, Renata Moraes, a PrEP apresenta duas principais contraindicações: exame de função renal alterado e diagnóstico positivo para HIV.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
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PrEP é importante medida de prevenção contra o HIV; para ampliar a proteção contra outras ISTs, a PrEP deve estar associada ao uso do preservativo

“A PrEP faz parte da mandala de prevenção combinada [ver infográfico abaixo]. Nós sempre explicamos que a PrEP só previne o HIV, pois outras ISTs não são prevenidas pela PrEP, e orientamos a pessoa a associar a PrEP ao uso do preservativo”, ressalta Moraes.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
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A mandala da prevenção combinada é uma ferramenta pedagógica do Ministério da Saúde que representa graficamente a estratégia de prevenção ao HIV; vacinação para hepatite B e HPV também estão entre as medidas preventivas 

Já a PEP é recomendada após a situação de risco para a infecção pelo HIV, como relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidente com materiais perfurocortantes, devendo ser administrada em até 72 horas após a exposição. Caso a pessoa tenha passado por qualquer uma dessas três situações, ela pode buscar atendimento para PEP na Emergência do Hospital São José, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

Tratamento e testagem também são formas de prevenção

Entre as muitas medidas de prevenção, o tratamento contínuo da infecção pelo HIV também é responsável por barrar a transmissão do vírus. Isso porque o indivíduo que possui carga viral [quantidade de vírus no sangue] indetectável não transmite o HIV para outras pessoas. É o caso de Sabrina Luz, mulher trans e ativista, que vive com HIV há quase 15 anos e mantém um relacionamento com Bernardo Luz há cinco anos. Os dois formam um casal sorodiferente, já que Bernardo não tem HIV.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará
Sabrina vive com HIV, Bernardo não; os dois estão em um relacionamento há cinco anos (Foto: Diego Sombra)

“Sempre que eu falo para alguém e a pessoa fica questionando, eu respondo: eu estou falando algo que eu vivo, não é uma história inventada ou que eu ouvi falar. Se eu vivo com meu esposo, e a gente tem um relacionamento sorodiferente, e eu não transmito para ele, eu estou falando a verdade. Isso, para nós, eu vejo como se fosse uma cura. Apenas tomo a medicação e isso não prejudica outras pessoas, eu não transmito o HIV para ninguém”, relata.

De acordo com o infectologista do HSJ, Érico Arruda, quando uma pessoa vivendo com HIV mantém uma carga viral indetectável por meio de tratamento antirretroviral eficaz, o risco de transmissão sexual do vírus é eliminado, contribuindo de forma definitiva para a redução de novos casos de infecção. “Dados globais indicam que a diminuição na incidência de HIV, nos últimos anos, está diretamente associada ao aumento do número de indivíduos em tratamento, reforçando a importância da adesão à terapia como estratégia de saúde pública para controlar a epidemia”, destaca o médico.

E para ter um tratamento eficaz, o diagnóstico precoce é fundamental. Por isso, Sabrina Luz encoraja todos que temem o resultado a fazer o teste em prol da própria saúde. “Às vezes, você está com tanto medo, que deixa de buscar um teste ou fazer uma consulta, e isso é colocar a sua saúde em risco. Quando você enfrenta esse medo, você pode quebrar barreiras, e quando você enfrenta, você vê que estava sofrendo à toa, porque nem é aquilo que você imaginava. Mesmo sendo positivo, a gente sabe que não é o fim, a gente sabe que existe um tratamento e que o tratamento é muito avançado”, afirma.

Epidemiologia e tratamento

Segundo o boletim mais recente da Sesa, elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (Sevig) e publicado em 29 de novembro, de janeiro de 2015 a outubro de 2024, foram notificados 18.987 casos de HIV em adultos, 9.720 casos de aids e 63 casos de aids em menores de 5 anos. Em relação à infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera foram notificados 2.206 casos, até o segundo ano do parto. As taxas de detecção de HIV em adultos tem sido superiores às taxas de detecção de aids nos últimos dez anos, demonstrando um reflexo da ampliação do diagnóstico precoce.

Em 2024, foram registrados 1.484 casos de HIV e 703 casos de aids em adultos e até o momento não houve registro de casos em crianças.

Cearenses com HIV/aids têm à disposição uma rede com 34 equipamentos de assistência gratuita. Os Serviços de Atenção em Saúde para Pessoas Vivendo com HIV/aids (SAEs) reúnem unidades municipais, estaduais e federais, e estão distribuídos em Fortaleza e em outros 21 municípios do Interior.

Os serviços ambulatoriais realizam assistência, prevenção e tratamento às pessoas vivendo com o vírus em ambulatórios gerais ou de especialidades, unidades básicas de saúde, policlínicas, dentre outras estruturas. O atendimento é feito por médico infectologista, profissional de Enfermagem e, em alguns serviços, há assistente social e psicólogo(a). No interior cearense, esse acompanhamento é feito por 21 unidades. Em todas, é feita a abordagem sobre prevenção combinada.

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