Enfatiza-se neste domingo (6), o “Dia Mundial da Paralisia Cerebral (P.C.)”, data criada para promover os direitos das pessoas com esse diagnóstico. A data também foca no diálogo em sociedade sobre a inclusão e a vivência, para desmistificar o preconceito, chamado de capacitismo.
Referência na Assistência às Pessoas com Deficiência (PcD) na região norte do Brasil, o governo do Pará, por intermédio do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, proporciona suporte integral centrado na pessoa com serviços de medicina e reabilitação.
De acordo com a diretora Assistencial do CIIR, Maria do Carmo Freitas, a Paralisia Cerebral, “é a deficiência de maior prevalência na reabilitação física, sendo caracterizada por alterações neurológicas permanentes que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo, envolve o movimento e a postura do corpo. Essas alterações são secundárias a uma lesão do cérebro em desenvolvimento e podem ocorrer durante a gestação, no nascimento ou mesmo no período neonatal, causando, assim, limitações nas atividades cotidianas da pessoa”.
No CIIR, os reabilitandos recebem os cuidados de acordo com as necessidades individuais e a construção do cuidado colaborativo que podem incluir por fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, enfermeiro e médicos. Ainda, a Assistência é prestada além da reabilitação, com acesso a consultas médicas, exames ambulatoriais e serviços odontológicos.
Em casos específicos podem ser prescritos terapias intensivas como o protocolo de Terapia Intensiva Pediasuit, uma vestimenta ortopédica macia e dinâmica que consiste em chapéu, colete calção, joelheiras e calçados adaptados interligados por bandas elásticas.
O conceito básico de Pediasuit é criar uma unidade de suporte para alinhar o corpo o mais próximo do funcional possível, restabelecendo o correto alinhamento postural e a descarga de peso que são fundamentais na modulação do tônus muscular da função sensorial e vestibular.
“Para isto, conseguimos obter êxito por meio do fortalecimento global e reajuste postural. Com o uso da veste, durante o protocolo, podemos conseguir que o usuário realize o movimento de andar e movimentar o corpo, por exemplo”, explica Bárbara Heidtmann, fisioterapeuta especializada em aplicar este protocolo de terapia intensiva.
O equipamento é o tipo mais moderno de macacão terapêutico ortopédico disponível atualmente no norte do Brasil, quando se refere ao serviço público de saúde ofertado à população paraense por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), que no Pará, é gerenciado pela Secretaria de Saúde Pública (Sespa).
Qualidade de vida -Apesar de ser complexa e irreversível, pessoas com Paralisia Cerebral podem ter uma vida produtiva, desde que, recebam o tratamento clínico, cirúrgico e terapêutico adequados às suas necessidades.
Trilhando este caminho, entre os tantos contemplados com o serviço e assistido no Centro Especializado em Reabilitação (CER IV) do CIIR, Gabriel Brasil, de 11 anos, contabiliza ganhos de desenvolvimento que são celebrados semanalmente por seu pai, Vinicius Brasil, 34 anos, que pontua cada conquista.
“Antes, o meu filho ficava ‘vegetando’ na cama; não se mexia. Hoje, com o acompanhamento integral no CIIR, ele mudou. Consegue ter postura para sentar-se, tomar banho e com as mãos, segura os objetos. São muitos ganhos que eu fico emocionado de vê-lo realizar até a alimentação, algo que antes, eu ficava refletindo. Eu até comentei com a Bárbara (terapeuta) que após a intervenção com a Pediasuit, o Gabriel obteve mais evolução. Claro, por ser P.C., eu sei que a caminhada é gradativa, mas ver o desenvolvimento, é maravilhoso”.
Inclusão no mercado de Trabalho –Além de acolher os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o CIIR também proporciona inclusão ofertando oportunidade no mercado de trabalho. Entre os PcD integrantes no quadro funcional da instituição está o profissional de educação física, Ayrton Pessoa, diagnosticado com Paralisia Cerebral classificado pela escala GMFCS nível 1, sendo o primeiro terapeuta com deficiência atuar no CIIR.
Instrutor de Orientação e Mobilidade (OM) para Pessoas com Deficiências Visuais, e pós-graduando em Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano, Ayrton, antes de integrar à equipe multidisciplinar do CIIR, foi reabilitando na instituição.
“Sou feliz nessa profissão. A Educação Física e o CIIR me dão diariamente a oportunidade de levar minha história de vida e a ciência aos meus reabilitandos, principalmente, àqueles diagnosticados com PC (paralisia cerebral). Em 2018, iniciei meu acompanhamento no CIIR como reabilitando, continuo em terapias, pois não posso deixar de fazer por conta da minha condição; elas fazem grande diferença na minha vida, porque me permitem ter ainda mais qualidade de vida. Agradeço ao CIIR pela minha inclusão na sociedade e por estar contribuindo em minha carreira profissional”, celebra o terapeuta.
Estrutura -O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).
Serviço:O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1.000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.
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