Leite doado passa por pasteurização, tratamento térmico com o objetivo de inativar microrganismos
Doar pode significar um ato de amor ao próximo. A médica Nilcyeli Aragão, que recentemente se tornou mãe, sabe bem disso. Ela é uma das doadoras externas de leite materno que ajudam o posto de coleta do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O hospital possui uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal, com capacidade para 24 bebês.
Nilcyeli (foto) conta que se tornou doadora movida pela possibilidade de ajudar outros bebês e mães, que, neste momento, enfrentam uma batalha pela vida. Para ela, o sentimento é de gratidão e incentivo para que outras mães possam fazer o mesmo.
“Sou grata por poder contribuir desta forma. Tenho certeza de que encontrarei outras mães pelo caminho para me estender a mão, se um dia precisar. Fui muito bem acolhida. A equipe de transporte vem recolher o leite aqui em casa. Todo o processo é muito tranquilo e rápido”, conta.
A nutricionista do Centro de Terapia Intensiva Pediátrica (Cetip) do HGWA, Fernanda Fernandes, explica que existem, no momento, apenas quatro doadoras ativas. O estoque de leite humano, atualmente, é considerado abaixo do esperado. Para se ter ideia, um litro de leite humano doado pode alimentar até dez recém-nascidos por dia.
“Hoje temos um estoque mínimo para a gente poder utilizar com esses bebês que são prioridade do uso leite humano pasteurizado. Todas as doadoras ajudam a salvar a vida dessas crianças que precisam desse leite, que são normalmente prematuras, de alto risco nutricional e que precisam desse leite não só para se recuperar do peso, como clinicamente”, destaca.
Ela diz que na falta do leite humano, como em casos em que a mãe não pode amamentar, é usada a fórmula, o que não é ideal. “O leite materno ou humano pasteurizado é considerado padrão ouro. Ele oferece todos os nutrientes, macro e micro, que são vitaminas e minerais, em quantidades adequadas. Além de possuir a melhor absorção no intestino desse bebê, reforçando o sistema imunológico”, explica a nutricionista.
Bebês internados na UTI neonatal do HGWA não podem ser amamentados pelas mães e necessitam de doação de leite humano
A médica neonatologista Jocélia Bringel destaca que a amamentação é algo importante não só para o bebê, mas também para a saúde da mulher. “Ao invés de ela alimentar um único bebê, proporciona a alimentação de vários bebês. Do ponto de vista da mãe, é um benefício mútuo. Amamentar reduz o risco de câncer de mama, permite que a mãe retorne ao peso de antes da gestação de forma mais rápida, aumenta a contratilidade do útero [movimento dos músculos do útero], evitando sangramentos, além de fortalecer o vínculo entre mãe e recém-nascido”, afirma.
Quem se interessar pode ajudar se cadastrando para a doação do leite humano no HGWA. A doadora deve ter uma produção de leite excedente e estar saudável. Ela pode entrar em contato através do telefone (85) 3216-8325, no qual receberá as informações necessárias para iniciar a doação. O HGWA envia um receptor para levar e buscar os potinhos de coleta. O kit entregue é composto por frasco, gorro, máscara, além de um folheto explicativo.
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