Completando 140 anos de história, o Teatro Guaíra é uma verdadeira galáxia em constante movimento. Em seus palcos já passaram estrelas nacionais e internacionais e em sua órbita gravitam os corpos artísticos que compõem sua essência: a Orquestra Sinfônica do Paraná, o Balé Teatro Guaíra, a G2 Companhia de Dança e a Escola de Dança Teatro Guaíra.
Por meio da música, da dança e do teatro, os grupos artísticos do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG) não apenas preservam e promovem a cultura paranaense, como também desempenham um papel vital na formação de novas gerações de artistas e na democratização do acesso à cultura. Esse constante movimento fez com que o Guaíra se tornasse, mais do que um espaço cultural, uma grande casa de produção artística
Isso porque, se somando aos corpos permanentes, também brilham nesse universo cultural projetos importantes para as artes cênicas, como o Teatro de Comédia do Paraná (TCP) e o Festival Espetacular de Bonecos.
“Essa energia dos bastidores é muito interessante, com grupos de teatro ensaiando, o pessoal da escola, do balé, da G2 e os músicos da Orquestra Sinfônica em um mesmo espaço. Acaba existindo uma sinergia e uma troca de conhecimento muito fortes”, afirma do diretor-presidente do CCTG, Cleverson Cavalheiro. “Essa relação entre artistas, técnicos e produção foi o que tornou o Teatro de Guaíra essa marca de excelência que é reconhecida em todo o Brasil”.
Segundo ele, as aulas práticas realizadas nos estúdios de dança e no próprio palco do Guaíra proporcionam uma imersão total no ambiente teatral, permitindo que os alunos participem ativamente dos bastidores e das produções. Essa vivência foi fundamental para o amadurecimento profissional dos jovens artistas, que tiveram a oportunidade de atuar em grandes espetáculos e colaborar com produções vindas de outras cidades.
Além disso, o intercâmbio constante entre artistas locais, de outros estados e também de diferentes países continua sendo uma marca registrada do Teatro Guaíra, promovendo uma troca de experiências que fortalece a diversidade cultural. “Aqui é um espaço de excelência, reconhecido, amado e respeitado no Brasil todo e internacionalmente”, ressalta Cavalheiro.
ESCOLA DE DANÇA– O primeiro corpo artístico que nasceu no Teatro Guaíra foi a Escola de Dança Teatro Guaíra (EDTG), que desde 1956 forma bailarinos de alto nível em dança clássica e contemporânea. Com 100 alunos em formação, a EDTG oferece aulas gratuitas, mantidas pelo governo estadual.
O grupo de dança EDTG, composto por 15 alunos das turmas mais avançadas, já apresentou espetáculos para milhares de pessoas, como o “Crisálida”, que atraiu neste ano mais de 2 mil espectadores e deve ser encenado novamente em 29 de novembro, na cerimônia de formatura dos alunos da turma de 2024.
A coordenadora da Escola de Dança, Larissa Pansera, destaca a importância da instituição na preservação e difusão da arte da dança. Ela ressalta que a escola é um dos principais centros de formação de bailarinos no Brasil, com uma trajetória marcada por produções originais e participação em importantes festivais
“A EDTG tem como princípio que a dança é para todos e trabalha para garantir que os programas sejam inclusivos e acessíveis, transformando a paixão em arte”, destaca.
BALÉ TEATRO GUAÍRA– A implantação da Escola de Dança abriu caminho para a criação do primeiro corpo de baile do Teatro Guaíra, Balé Teatro Guaíra (BTG), que está na ativa desde maio de 1969. Atualmente, o grupo conta com 30 integrantes, que apresentam grandes espetáculos de dança contemporânea que são levados não apenas aos auditórios da casa, como também circulam pelo Brasil e pelo mundo. No mês passado, o espetáculo “Contraponto” foi uma das atrações de um festival de dança na Dinamarca .
O diretor do Balé Teatro Guaíra, Luiz Fernando Bongiovanni, destaca a rotina prolífica de produções da companhia, que tem conseguido fechar até seis temporadas de espetáculos por ano. “Essa rotina de produções é um grande feito, que só tem paralelo às companhias internacionais mais famosas do mundo”, diz.
Há mais de 50 anos, o grupo se destaca como uma das mais antigas companhias de dança do Brasil. O BTG é reconhecido por suas produções inovadoras e impactantes, como a montagem de Gisele (1976), que consagrou Ana Botafogo
Outro nome importante é o do coreógrafo português Carlos Trincheiras, que criou os bailados de Lendas das Cataratas do Iguaçu (1987), apresentado em frente às Cataratas para um público de 1.500 pessoas, e o marcante “O Grande Circo Místico” (1983), com músicas originais de Chico Buarque e Edu Lobo feitas especialmente para o balé.
A companhia também foi pioneira em inovações técnicas, como na produção de “O Segundo Sopro” (1999), que sob direção de Suzana Braga foi a primeira montagem nacional que fez chover no palco, graças a uma tecnologia criada e aperfeiçoada ao longo dos anos pelos técnicos do CCTG. O espetáculo foi a coreografia mais dançada pelo BTG, com cerca de 300 apresentações.
G2 COMPANHIA DE DANÇA– Alguns bailarinos que participaram dessas montagens icônicas hoje integram a G2 Companhia de Dança, grupo sênior do Teatro Guaíra que se dedica a explorar a maturidade artística em espetáculos que abordam temas universais e a riqueza da experiência humana.
Criada em 1999, é a companhia sênior mais longeva em atividade e a única pública em atuação no País. Foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por seu trabalho inovador e multifacetado e tem como diferencial o foco na pesquisa em dança e na experimentação.
“A G2 tem um trabalho diferente. A partir do estilo de cada dançarino, é feita uma pesquisa e cada um traz movimentos mais orgânicos, compatíveis com o tema que será tratado em cada espetáculo” explica o bailarino Grazianni Canalli, que começou a carreira aos 19 anos no Balé Teatro Guaíra e hoje, aos 62, é um dos integrantes da G2.
ORQUESTRA SINFÔNICA– Em 2025, a Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) celebrará 40 anos de história como a primeira e maior orquestra pública do Estado. Fundada em 1985, a OSP tem como missão democratizar o acesso à música clássica, realizando concertos com valores acessíveis e colaborando com outros corpos artísticos do Teatro Guaíra.
Com 71 músicos em sua formação atual, a OSP já realizou mais de mil apresentações, abrangendo um repertório de cerca de 900 obras de 250 compositores, incluindo Heitor Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e paranaenses como Henrique Morozowicz.
A orquestra também é lembrada por sua participação em montagens conjuntas com o Balé Teatro Guaíra, como as de “O Quebra-Nozes” e “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, além de óperas como “Carmen”, “La Traviata”, “Fausto e Aída”.
O primeiro maestro titular foi o curitibano Alceo Bocchino, considerado, ao lado de Villa-Lobos, um dos principais nomes da música clássica brasileira. Bocchino participou da criação da OSP, em 1985, e teve o paulista Osvaldo Colarusso como maestro auxiliar. Depois foram também regentes da orquestra os maestros Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi, Osvaldo Ferreira, Stefan Geiger e Roberto Duarte.
O atual regente é Roberto Tibiriçá, titular da cadeira de número 5 da Academia Brasileira de Música. “A Orquestra Sinfônica do Paraná está entre as melhores orquestras do país e me sinto honrado por estar regendo a orquestra neste momento em que o Teatro Guaíra completa 140 anos”, afirma Tibiriçá.
O maestro explica que os ensaios sempre acontecem no palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, onde normalmente a orquestra faz suas apresentações. Esse diferencial, diz ele, facilita o trabalho dos músicos, que pela questão da acústica podem saber de antemão como será a sonoridade no momento da apresentação.
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