Pesquisadores da Epagri/Ciram publicaram artigo na revista Scientific Reports identificando áreas potenciais em Santa Catarina para a produção de açaí através de Sistemas Agroflorestais (SAFs). O açaí é produto do fruto da palmeira juçara (Euterpe edulis), uma espécie ameaçada de extinção em função da extração descontrolada do palmito e da destruição do seu habitat florestal.
Por ser uma espécie com características ecológicas e agronômicas peculiares, a palmeira juçara tem grande potencial produtivo, quando consorciada com outras espécies arbóreas e arbustivas em SAFs, como a banana e o café, por exemplo. “Mas para que haja uma produtividade em nível comercial, são necessárias condições ambientais específicas”, explica Luiz Fernando Vianna, pesquisador da Epagri/Ciram , que assina o artigo ao lado dos pesquisadores Fábio Martinho Zambonim e Cristina Pandolfo.
SAFs são definidos como formas de uso e manejo dos recursos naturais, nos quais espécies lenhosas (árvores, arbustos, bambus e palmeiras) são utilizadas em associação com cultivos agrícolas e/ou produção de animais, de maneira simultânea ou sequencial, para se tirar benefícios das interações ecológicas e econômicas resultantes.
No artigo, os os autores apresentam um modelo de seleção de áreas potenciais para a ocorrência natural da palmeira juçara em Santa Catarina, utilizando informações levantadas pelo Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina ( IFFSC ) sobre a distribuição geográfica da palmeira juçara e dados climáticos, de vegetação e fisiográficos. Esse modelo permitiu mapear as áreas onde podem ser encontradas as condições ambientais ideais para implantar SAFs para produzir açaí.
Surpresa no Oeste
Vianna revela que um dos resultados mais interessantes dessa pesquisa foi a identificação de uma região com potencial ambiental no Extremo Oeste do estado. O pesquisador conta que essa região possui um histórico de exploração florestal que fez da Floresta Estacional Decidual uma das formações florestais catarinense com o maior grau de degradação e fragmentação. “Tanto os antigos botânicos que inventariaram essa região em 1949 e 1952, quanto os que trabalharam no atual inventário (IFFSC), não encontraram a palmeira juçara em nenhum dos levantamentos realizados. Mas sempre suspeitaram da possibilidade da sua presença no Vale do Rio Uruguai”, relata o pesquisador.
Enquanto os pesquisadores da Epagri ainda analisavam os resultados do modelo e discutiam sobre a possibilidade da presença da palmeira juçara naquela região, em função das características ambientais, colegas da Universidade de Chapecó publicaram um artigo confirmando essa hipótese. Esse trabalho foi o primeiro registro da ocorrência natural da E. edulis no Vale do rio Uruguai.
“A confirmação da presença natural da E. edulis no Oeste de Santa Catarina reforça a importância do seu uso como uma espécie chave na recuperação florestal e na produção de alimento”, finaliza Vianna.
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Informações e entrevistas
Luiz Fernando Vianna, pesquisador da Epagri/Ciram
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