Em sete de maio de 2014, o Brasil foi reconhecido como área livre daCydia pomonella, praga que atinge maçãs, peras e marmelos. Foi o resultado de um longo trabalho de monitoramento e controle, que em Santa Catarina foi liderado pela equipe do Departamento de Defesa Vegetal (Dedev) da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).
A Cydia, também conhecida como traça da maçã, é uma mariposa originária do sudeste da Europa que, na fase de larva, perfura os frutos para se alimentar da polpa, até atingir as sementes. Além de danificar a fruta, a larva abre caminho para a contaminação para outros organismos, trazendo perdas à fruticultura. “A erradicação da praga no país é um feito valioso, resultado da ação da Cidasc, das equipes de defesa agropecuária do PR e RS, do Ministério da Agricultura, da Embrapa, da Epagri, de prefeituras e do setor produtivo”, afirma o gestor do Dedev, engenheiro agrônomo Alexandre Mees.
Mees destaca ainda o papel da educação sanitária: houve um trabalho de sensibilização sobre as medidas de controle, para obter o apoio da comunidade quando os primeiros focos foram registrados em áreas urbanas. O programa de erradicação da praga durou mais de 25 anos, e a compreensão da população permitiu controlar a praga antes que ela atingisse áreas agrícolas. Desde 2011, a Cidasc não registra a ocorrência desta espécie de mariposa em seu território.
Os produtores catarinenses, responsáveis por mais da metade da produção de maçãs do país, foram diretamente beneficiados pela erradicação daCydiapomonellae pelo controle de outras pragas. “A sanidade é muito importante para a fruticultura. Estamos terminando a safra 2022/2023 com excelente qualidade, frutos de maçã muito bonitos, crocantes, com cor muito exaltada e tudo isso representa o trabalho que é feito na sanidade vegetal”, diz o secretário executivo da Associação de Produtores de Maçã e Pera de Santa Catarina (AMAP), Maurício Montibeller.
A presidente da Cidasc, Celles de Matos, reforça que a missão da companhia é mais do que fiscalizar: é orientar os produtores e criar condições sanitárias favoráveis para que eles tenham sucesso em sua atividade. “Com pouco mais de 1% do território nacional, Santa Catarina se consolida como um grande produtor de alimentos de origem animal, mas também de origem vegetal. A atuação da defesa sanitária vegetal foi decisiva para produzirmos mais em volume e qualidade e para que a fruticultura catarinense consolidasse seu espaço no mercado nacional e internacional”, relata Celles de Matos.
Uma das ações realizadas pelos engenheiros agrônomos da Cidasc é o Programa de Sanidade das Pomáceas, abrangendo mais de 15 mil hectares de pomares. “A pomicultura representa mais de R$ 2 bilhões/ano na economia catarinense”, destaca a presidente da Cidasc, para demonstrar o impacto da defesa vegetal nesta atividade.
“Santa Catarina é destaque nacional e internacional em controle de pragas e doenças, tanto vegetais quanto animais. Por isso nossa qualidade na alimentação se destaca”, afirma o secretário de Estado da Agricultura, Valdir Collato. Ele lembra que o Estado sozinho produz mais da metade das maçãs do país. “Vamos continuar este trabalho firme para manter este status em relação àCydiae buscar erradicação de outras pragas que afetam a agricultura”, completa o secretário.
Sobre aCydia pomonella:
Esta foi a primeira praga quarentenária declarada como erradicada no país, no ano de 2014. O Programa Nacional de Prevenção e Controle daCydia pomonella(PNPCC), iniciou no ano de 1994, três anos após a primeira detecção da mariposa no Brasil.
A Cidasc executou o PNPCC em Santa Catarina. A equipe da companhia realizou a captura de milhares de exemplares do inseto. Também fez o trabalho de conscientização junto à população e a remoção de plantas hospedeiras para evitar a proliferação da praga. Desde 2011 não foram registradas novas ocorrências da mariposa, e o monitoramento com as armadilhas ainda é realizado em locais onde há trânsito de frutas importadas, para evitar a reintrodução da Cydia.
O controle e a erradicação de ameaças fitossanitárias como esta traz ganhos do ponto de vista ambiental e econômico, pois o produtor não necessita utilizar tantos produtos químicos para proteger as frutas. Em países em que a praga se disseminou, os pomares perderam produtividade: o manejo exige diversas aplicações de inseticidas específicos para a Cydia, cujo custo é estimado em US$400 por hectare.
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