A secretária executiva da Atenção Primária e Políticas de Saúde da Sesa, Vaudelice Mota, destacou o pioneirismo do Ceará em realizar esse evento
O “Encontro Estadual da Saúde Quilombola no Ceará – Cultivando caminhos, práticas e saberes ancestrais para bem viver quilombola” começou na segunda-feira (10), no Sesc Iparana, em Caucaia. O objetivo é discutir a assistência à saúde dessas comunidades.
A iniciativa é uma parceria entre o movimento, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e o Serviço Social do Comércio (Sesc). Na programação, que segue até quarta-feira (12), estão temas como a saúde mental e a importância da ancestralidade, da cultura e dos saberes tradicionais para o bem-estar desses povos.
O evento é voltado aos gestores da Atenção Primária e da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) dos 53 municípios do Ceará, que contam com 126 comunidades quilombolas, além de seus integrantes.
A secretária executiva da Atenção Primária e Políticas de Saúde da Sesa, Vaudelice Mota, destacou o pioneirismo do Ceará em realizar esse evento. “Esse é o primeiro encontro desse tipo no Brasil. Esperamos sair daqui com indicadores importantes que venham a nos ajudar a construir políticas de saúde ainda mais integradas e que contemplem todas as dimensões culturais dessas populações”, disse.
Uma das ações que a Sesa tem implementado para ampliar o cuidado à saúde dessas comunidades foi a criação de uma célula voltada para as populações tradicionais, a Célula de Atenção à Saúde das Comunidades Tradicionais e Populações Específicas (Cepop). “Temos uma célula que cuida dessas populações e essa ação tem contribuído para integrar os saberes, o que é fundamental para nós, que trabalhamos com a atenção primária e queremos uma saúde da família integrada com a continuidade desse cuidado, que fortalece o SUS”, ressaltou.
O encontro, de acordo com a secretária de Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira, vem para fortalecer a interseccionalidade e a colaboração entre as duas pastas. “Esse é um momento de consolidação das políticas nacionais de saúde, para que essas populações digam as suas demandas para a saúde. Com essa interseccionalidade, teremos um SUS mais democrático e plural”.
O encontro, de acordo com a secretária de Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira, vem para fortalecer a interseccionalidade e a colaboração entre as duas pastas
Para a integrante do Comitê de Saúde da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conac), Ana Eugênia da Silva, esse é um marco na saúde dessas populações. “Esse encontro é importante porque une nossos mestres e mestras com os trabalhadores da saúde que estão aqui. Queremos que respeitem nossas práticas, nossos saberes, os chás, as rezas e danças, como a de São Gonçalo. Eu tive câncer de mama e sei que a dança me ajudou no processo de cura”, pontua.
Para a integrante do Comitê de Saúde da Conac, Ana Eugênia da Silva, esse é um marco na saúde dessas populações
A presidente do Conselho de Saúde Quilombola em Aquiraz, Ely Palmares, foi outra líder do movimento quilombola que participou do evento e ressaltou as principais demandas da sua comunidade. “Hoje, a depressão é um dos nossos grandes problemas, assim como no mundo. Outra questão que voltou foi o crescimento do número de meninas que engravidam na adolescência, o que se reflete não apenas em um problema social, mas também impacta a saúde mental. Acreditamos que esse encontro irá trazer vários avanços para discutirmos essas e outras questões”.
A presidente do Conselho de Saúde Quilombola em Aquiraz, Ely Palmares, ressaltou as principais demandas da sua comunidade
Nesta terça-feira (11), os participantes discutem as práticas de saúde tradicionais quilombolas, por meio das mestras da Cultura e a saúde mental quilombola na Atenção Primária à Saúde, na Rede de Atenção Psicossocial e na Prevenção ao Uso Abusivo de Álcool e Outras Drogas.
Encontro abordou a saúde mental e a importância da ancestralidade, da cultura e dos saberes tradicionais para o bem-estar desses povos
Já na quarta-feira (12), último dia de evento, os temas serão a gestão em saúde quilombola e a redação das diretrizes estaduais para a saúde quilombola no SUS.