O Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM) atende pacientes com síndrome de burnout por meio do Plantão Psicológico
A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocado por condições de trabalho desgastantes. O problema se manifesta quando a relação com a atividade profissional gera desgaste, ansiedade e nervosismo intensos. O Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), dispõe de profissionais capacitados para atender pacientes em crise decorrente desse e de outros transtornos mentais.
Foi esse o caso do supervisor de vendas Rafael Borges Barreto, 41, que foi diagnosticado com síndrome de burnout há sete anos. Os sintomas que o levaram a buscar atendimento médico eram dores no estômago, enjôo, coceiras no rosto e insônia. Depois de três consultas, o médico chegou ao diagnóstico de burnout e Rafael iniciou o tratamento. “Fiz acompanhamento psicológico e uso de medicamento indicado por especialista. Na época, melhorei bastante. Porém, há pouco tempo mais um mês, tive novas crises com três horas de pânico. Foi aí que busquei a emergência do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), onde estou sendo acompanhado pelo Plantão Psicológico”, disse.
O psicólogo Wesley Ramos, que coordena o Serviço de Psicologia do HSM, explica que a síndrome é caracterizada por sentimentos de esgotamento, distanciamento emocional em relação ao trabalho e redução da eficácia profissional. Por meio da terapia com um psicólogo, é possível identificar sinais e sintomas, mas por ser uma doença ocupacional, o diagnóstico é médico.
“Os sintomas mais característicos são fadiga persistente, desmotivação, irritabilidade, alterações de humor, tristeza, dificuldades de concentração, sensação de incompetência, apatia, insônia, isolamento social, dor de cabeça, entre outros. Por isso, é muito importante a realização da terapia com psicólogo, que é uma ferramenta essencial no tratamento, ajudando o indivíduo a reconhecer os fatores desencadeantes, a desenvolver estratégias para gerenciar o estresse e a buscar um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal,” destaca Ramos.
O psiquiatra do HSM, Helder Gomes, explica que a síndrome de burnout é uma condição relacionada ao trabalho reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por manuais diagnósticos, como a classificação internacional das doenças da décima primeira edição (CID 11), que foi elaborada pela OMS em 2019 e está em vigor em vários países desde 2022 e deverá ser implantada no Brasil em 2027.
“O burnout é estudado desde a década de 70 e está relacionado a estressores crônicos no trabalho, como longas jornadas, pressão dos chefes, metas inatingíveis, medo constante de perder o emprego, responsabilidades importantes, além de alta competividade com várias pessoas na mesma função, gerando, muitas vezes, animosidade entre colegas. O burnout não acontece após um dia difícil de trabalho, pois torna-se crônico com a rotina exaustiva, gerando desmotivação’, sublinha Gomes.
O especialista ressalta ainda que, no Brasil, cerca de 20 mil pessoas se afastam do trabalho, todos os anos, devido ao diagnóstico de burnout. As profissões de maiores riscos são as da área da saúde (enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, entre outros), seguidas pelas áreas da educação (professores) e segurança pública (policiais, bombeiros e agentes penitenciários). “Também vem crescendo a taxa de burnout entre bancários, atendentes de telemarketing e motoristas de ônibus”, cita.
O psiquiatra explica que, como tratamento, é importante haver a percepção das situações que geraram o burnout com mudanças na estrutura profissional. “Os pacientes devem realizar terapia com psicólogo para conversar sobre os principais problemas relacionados ao trabalho, incluindo negociação de limites de jornada e adesão a novas atividades no dia a dia, seja sozinho, com familiares ou amigos”, frisa.
A assistência psicológica é muito importante, pois o terapeuta ajuda o paciente a encontrar estratégias para combater o estresse. Nos casos mais graves, o psiquiatra entra com a prescrição de medicamentos para auxílio dos pacientes. Para lidar com o burnout é recomendado realizar atividade física regular, exercícios de relaxamento, organizar o tempo, manter uma dieta equilibrada, discutir os problemas com colegas de profissão, tirar o dia de folga e procurar ajuda profissional.
“Nós precisamos entender que o burnout não é sinal de fraqueza, é um indício de que muitos dos próprios limites foram ultrapassados. Não devemos nos sentir culpados por isso, somente entender que não é possível abraçar o mundo, incluindo o nosso trabalho. É importante compreender que devemos desacelerar para seguirmos firmes e competentes na nossa missão”, recomenda Helder.
Plantão Psicológico do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM)
Horário: 7h às 19h
Local: Rua Vicente Nobre Macêdo, s/n, Messejana – Fortaleza/CE