Câmara dos Deputados Câmara
Anac anuncia, durante debate na Câmara, reforço na segurança de bagagens em três aeroportos
Brasileiras presas depois que as etiquetas de suas bagagens foram colocadas em malas com cocaína criticaram o sistema brasileiro
11/12/2024 16h55
Por: GIDEON CORREA Fonte: Agência Câmara

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou nesta quarta-feira (11), em debate na Câmara dos Deputados, reforço no sistema de segurança de bagagens nos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Galeão (RJ).

Esses três aeroportos compreendem 70% do movimento de passageiros de voos internacionais no Brasil. As mudanças já foram acertadas com as concessionárias de Guarulhos e Campinas, mas ainda estão em negociação com a do Galeão.

“O projeto Aeroportos Mais Seguros busca incrementar a segurança por meio de tecnologias e equipamentos modernos”, afirmou na audiência pública o gerente da Superintendência de Infraestrutura Aeroportuária da Anac, Raphael Horta.

O debate na Comissão de Viação e Transportes foi proposto pelo deputado Alex Santana (Republicanos-BA) a partir do caso de duas vítimas da troca de bagagens em Guarulhos. Elas foram acusadas de tráfico e sofrem consequências até hoje.

“Esse caso demonstrou a total fragilidade dos procedimentos adotados na identificação e na guarda das bagagens dos inúmeros usuários do sistema aeroviário”, criticou o deputado Alex Santana, ao sugerir a audiência pública.

“Acima de tudo, é preciso olhar o interesse do cidadão. Podemos muito melhor aplicar a atuação de fiscalização e controle em cima dessas grandes empresas, até porque são grupos econômicos fortes”, comentou o parlamentar no debate.

Depoimento
Kátyna Baía e Jeanne Paolini acabaram presas na Alemanha em 2023. No mês passado, em razão do episódio, elas tiveram os vistos norte-americanos cancelados. Agora, cobram medidas para evitar casos semelhantes.

“Ninguém faz ideia do que é ficar 38 dias dentro de um presídio. Muitos direitos foram violados. Antes de tudo acontecer, tínhamos uma carreira sólida, e hoje a marca que carregamos é a das brasileiras que foram presas”, lamentou Kátyna Baía.

“Na audiência, escutamos várias vezes que o transporte aéreo brasileiro trabalha ‘no mínimo’, mas deveria oferecer uma segurança máxima. Pagamos caro pelo despacho de bagagem”, reclamou Jeanne Paolini em entrevista após o debate.

O representante do Sindicato Nacional dos Aeroviários na audiência, Carlos Geison Marques, reforçou as críticas. “Empresas e aeroportos não têm compromisso com os passageiros, têm com o lucro. Se tivessem compromisso com a segurança, isso não teria acontecido com elas.”

Durante o debate, representantes das companhias aéreas, da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), das concessionárias de Guarulhos e do Galeão e da Polícia Federal também manifestaram solidariedade às brasileiras.