Está aberta para visitação durante o 1º Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba) a exposição “O Rosto Camões: dez ideias para um futuro descolonizado”, de autoria do artista visual português João Francisco Vilhena. A obra foi aberta oficialmente na noite dessa sexta-feira (29), mas está exposta no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa, desde o primeiro dia de evento literário. E em meio à curiosidade gerada sobre a obra, o autor falou um pouco sobre suas inspirações para chegar ao produto final.
Ao todo, são dez grandes paineis, todos com retratos de pessoas reproduzindo aquela que é a imagem mais famosa do poeta português Luís de Camões, cujo nascimento completa 500 anos em 2024. A saber, a imagem mais famosa do poeta lusitano é uma pintura produzida na década de 1570 pelo espanhol Fernão Gomes e que acabou ficando para a posteridade.
A FLiParaíba é uma iniciativa do Governo da Paraíba, em parceria com a Associação Portugal Brasil 200 Anos, que tem o objetivo de promover um intercâmbio entre escritores de todos os países que têm o português como língua oficial. E a ideia de João Francisco Vilhena, segundo o próprio idealizador da exposição, era justamente promover essa interconexão entre diferentes povos lusófonos. “Eu queria mostrar a diversidade de povos que se unem através da língua”, explicou João Francisco.
O autor da exposição explicou ainda que o número “dez” dá uma simbologia especial para a obra. “Os Lusíadas, a obra mais famosa de Camões, está dividida em dez cantos, sempre em versos decassílabos. São também dez os territórios que falam português pelo mundo. E “dez” é um número mágico, que indica uma correalização das coisas. Por isso que eu escolhi dez paineis, com dez pessoas diferentes, para representar dez possibilidades distintas de retratar Camões”, prosseguiu.
Vilhena explica ainda que tomou alguns cuidados. Os modelos são cinco homens e cinco mulheres, representando a igualdade de gênero, e eles são de diferentes países e territórios que falam português. Têm representantes de Brasil, Goa, Macau, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Portugal e Timor-Leste. Ademais, são todas elas pessoas desconhecidas, de cor de pele e idade diferentes.
“Meu objetivo com essa obra é pensar Camões como o grande poeta que ele foi, como a pessoa que de alguma forma interliga todas as terras que falam português. Diante de tanta diversidade, Camões nos une”, completou o artista português.
João Francisco Vilhena, por fim, admite que é um admirador de Camões desde o período de escola, ainda na adolescência. E que com o tempo, com os estudos e as pesquisas, foi descobrindo facetas do poeta para além de sua obra. “Camões teve uma vida muito aventureira. Foi um viajante, chegou a ser preso, viveu na miséria por um período, mas nunca abdicou de sua palavra, de sua poesia, de sua honestidade, de sua honra”, concluiu.
O 1º Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba) se encerra neste sábado após três dias de intercâmbios literários em João Pessoa. No período da noite, haverá um show do artista paraibano Chico César para encerrar o evento literário.
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