Aos 23 anos, Kelly Lisboa está grávida de 35 semanas e precisou ser internada na Santa Casa há duas semanas, por conta de uma ameaça de parto prematuro. O que Kelly não sabia e só descobriu com o acompanhamento que recebeu durante a internação é que sua pressão estava alta e que havia desenvolvido diabetes.
O diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. No caso de Kelly, a doença surgiu na gestação, se caracterizando como Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), que segundo a Sociedade Brasileira do Diabetes pode afetar até 18% das gestações no Brasil e está relacionada às mudanças nos hormônios que a mulher sofre durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê. Caso o próprio organismo da gestante não consiga equilibrar essas alterações, ela pode desenvolver a doença.
A obstetra Aurilene Sidrim acompanha gestantes de alto risco na Santa Casa e revela que casos de DMG são comuns nas pacientes internadas. Tanto na forma gestacional como na crônica (quando a mulher já é diabética antes de engravidar) a doença pode levar a complicações de saúde para a mãe e para o bebê.
"O ideal é que a mulher faça um planejamento pré-gestacional, com orientação de equipe composta por médico, nutricionista e até educador físico para ter um bom controle da glicose antes de engravidar. Durante a gravidez, essa mulher deve fazer os exames de controle da doença, manter a atividade física e o controle alimentar rigoroso e ficar atenta a qualquer alteração que possa perceber. Se notar que tem alguma situação fora do normal, ela deve procurar um hospital para ser avaliada e orientada. No período do puerpério, deve-se manter controle alimentar, controle das glicemias diárias e realização de teste de tolerância à glicose após 6 semanas para avaliar se essa mãe não se tornou diabética crônica", ressalta Aurilene Sidrim.
Tipos e Prevenção
Entre os tipos de diabetes estão o tipo 1, hereditária, que pode representar entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença no Brasil e exige o uso de insulina e outros medicamentos para controlar a glicose no sangue; o tipo 2, que está relacionado ao sobrepeso e obesidade, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados, que afeta 90% dos pacientes diabéticos no Brasil; e a diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez.
Em todos os casos, a doença pode causar prejuízos à saúde afetando o funcionamento do coração, artérias, olhos, rins e nervos, podendo levar até à morte.
Os principais sintomas do diabetes são fome e sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia, mas a doença também pode ser silenciosa. Por isso é importante manter uma rotina de ida ao médico e fazer exames anuais.
Assim como diversas outras doenças, a única forma de prevenção do diabetes é por meio de hábitos de vida saudáveis com uma alimentação balanceada, atividades físicas regulares, não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, nem outras drogas.