Essa quinta-feira (7) foi marcada por mais uma história de esperança renovada no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, pertencente ao Governo da Paraíba e gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde). A jovem Flávia Maximiano, de 27 anos, da cidade de Itabaiana, fez o procedimento cirúrgico de artrodese torácica lombar para correção de uma escoliose idiopática do adolescente (deformidade da coluna vertebral e do tronco que afeta crianças e adolescentes aparentemente saudáveis, sendo a maioria meninas. A doença pode progredir durante os rápidos períodos de crescimento e atinge entre 2% e 4% da população).
A paciente relatou que quando tinha 9 anos sua mãe percebeu um desvio na coluna, mas como não tinham conhecimento sobre o caso foi deixando o tempo passar, até que a deformidade foi aumentando e, aos 11 anos de idade, decidiram procurar um ortopedista que a diagnosticou com uma escoliose. Flávia contou que passou a fazer tratamento com fisioterapia, mas não teve êxito. Com 15 anos de idade fez uso de um colete ortopédico, mas precisou interromper devido ter engravidado e o crescimento da barriga a impedia de usar o aparelho. Após a gestação ela procurou um outro especialista para retomar o tratamento, mas o seu caso já era indicação cirúrgica. Depois de pesquisar sobre o procedimento cirúrgico, Flávia afirmou ter medo de ficar paraplégica e optou por não realizar a cirurgia.
Passados os anos, a deformidade foi aumentando e no início deste ano, já com 27 anos de idade, Flávia disse que passou a sentir muitas dores, quando decidiu procurar novamente a ajuda médica e foi encaminhada para atendimento no Ambulatório do Hospital Metropolitano. “As dores foram aumentando até chegar ao ponto de sentir dificuldade em andar. Atividades normais de casa que conseguia fazer no dia a dia, não estava mais conseguindo. Foi quando, ao ser consultada pelo dr. José Lopes, ele explicou que a dor era devido a escoliose, pois as vértebras estavam comprimindo o nervo e por isso a dor intensa se estendia para as pernas e a solução seria a cirurgia”, relatou a paciente.
O neurocirurgião José Lopes explicou que a escoliose idiopática do adolescente faz com que a paciente tenha deformidade na coluna, em que a coluna vai crescendo torta em vez de ser reta. “Isso gera deformidade estética, dor e desvio do tronco. A gente costuma dizer que a paciente fica desbalanceada com o caminhar. E isso tem algumas repercussões tanto em nível estético, que o paciente fica com aquela corcunda, popularmente chamada de corcunda de Notre Dame, sendo estigmatizado na sociedade; como gera também uma restrição pulmonar. Porque o pulmão que está dentro da cavidade torácica não consegue expandir, ficando restrito e reduzindo a capacidade pulmonar da paciente”, detalhou.
Ele ressaltou também que o procedimento para a correção de deformidade é “uma cirurgia complexa, em que você vai corrigir a deformidade da coluna, colocando a coluna no eixo e fazer a costoplastia (técnica cirúrgica que retira parte das costelas) para liberar o pulmão e poder dar mais expansão pulmonar. Isso normalmente precisa de uma estrutura mais complexa de anestesia, de monitorização neurofisiológica para que, nessa correção, as funções neurológicas fiquem preservadas”.
Quem também fez parte da equipe cirúrgica foi o neurocirurgião Daniel Paz, que pontuou sobre a peculiaridade da cirurgia nesse caso específico. “Devido ao fato de a paciente já ter 27 anos, a deformidade na coluna possui uma curva mais rígida, diminuindo o poder de correção, fazendo com que o risco cirúrgico seja maior do que quando a correção é feita ainda na infância e na adolescência”.
Para Flávia, mesmo ciente da possibilidade de não ter 100% da correção da deformidade, ela afirmou que a sua maior preocupação não é com a parte estética, mas sim com a sua saúde e qualidade de vida. “Ao mesmo tempo que estou com medo, eu também estou confiante que vai dar tudo certo. Sei que posso não ficar 100% corrigido, mas não me importo com a parte estética. Meu filho só tem 12 anos e ainda precisa de mim. Então o mais importante para mim é ter saúde e que seja um recomeço, pois é muito difícil conviver com essa escoliose”.
Segundo o diretor técnico do hospital, Matheus Agra, o Metropolitano possui todo suporte necessário que a paciente necessita, desde a estrutura no bloco cirúrgico, com bons cirurgiões, anestesistas e material adequado, como a equipe multiprofissional que é muito importante para a reabilitação da paciente, fazendo com que o hospital seja referência também no tratamento das escolioses.
ACESSO AO SERVIÇO:
De acordo com a coordenadora do Ambulatório e do Núcleo de Práticas Cirúrgicas, Loanda Medeiros, para ter acesso ao serviço o paciente precisa ir a uma unidade de saúde de qualquer município paraibano e receber o primeiro atendimento. A unidade emitirá uma Autorização de Procedimentos Ambulatoriais que será levada para a regulação municipal. A Regulação Municipal enviará um e-mail com a solicitação para Regulação Estadual que irá agendar o atendimento no ambulatório do Hospital Metropolitano.