Unidade do Hemoce no Crato realizou o procedimento chamado de leucaférese pela primeira vez
A unidade regional de Crato do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) realizou a primeira leucaférese do interior do Estado. O equipamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) é a única instituição capacitada a executar o processo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Ceará. Utilizado em paciente de um hospital de Barbalha, o procedimento consiste na separação e retirada do excesso de leucócitos da corrente sanguínea, por meio de uma máquina de aférese (foto), equipamento automatizado que separa os componentes do sangue por centrifugação. Desde 2016, período em que o Hemoce passou a realizar a técnica específica, cerca de 35 procedimentos foram registrados.
Realizado no mês de outubro no Cariri, o procedimento é indicado para pacientes que apresentam taxa elevada de leucócitos, que atinge principalmente pessoas com leucemias agudas. Essa contagem alta faz com que o sangue do paciente fique mais viscoso, causando sintomas como alterações neurológicas, pulmonares e renais. Nesses casos, as pessoas precisam diminuir rapidamente essa contagem de leucócitos, e a técnica possibilita isso.
“A leucaférese acontece por meio de uma máquina de aférese terapêutica, em que se conecta a circulação do paciente ao aparelho. O sangue passa pela máquina, onde é centrifugado, separado e retirada apenas a camada dos leucócitos, sendo posteriormente devolvido ao paciente os demais componentes do sangue. Conhecido também como glóbulos brancos, os leucócitos são células do sistema imunológico que protegem o organismo contra infecções, mas é a célula afetada no caso das leucemias”, explica Luany Mesquita, diretora de hematologia do Hemoce.
A rapidez para a aplicação da técnica foi essencial para salvar a vida do paciente. É o que explica a médica hematologista do Hemoce Crato, Viviane Chaves. “Ao avaliar um paciente de 28 anos na UTI, deparei-me com uma leucemia aguda, com forte suspeita de síndrome de leucostase [acúmulo de leucócitos, aumentando a viscosidade sanguínea e impactando os vasos sanguíneos]. E, de forma extremamente rápida, a coordenadora de enfermagem da aférese do hemocentro de Fortaleza, Naliele Maia, se prontificou a vir até o Cariri trazer o material e também a auxiliar as enfermeiras do Hemoce Crato a realizarem o procedimento pela primeira vez. À noite, estava acontecendo a leucoaférese. O paciente tolerou bem o procedimento e obteve uma excelente resposta clínica e laboratorial”.
Após isso, o paciente conseguiu ser retirado da ventilação mecânica e recebeu alta da UTI para dar continuidade ao tratamento da leucemia no ambiente de enfermaria. Além da médica, o procedimento contou com a participação de duas enfermeiras do Hemoce Crato e uma de Fortaleza, conduzindo o processo.
Viviane destaca ainda o sentimento de toda a equipe em fazer parte desse momento histórico. “Para a equipe de Aférese do Cariri ficam vários sentimentos: o de alegria por contribuir no tratamento de um paciente tão jovem, permitindo que tenha melhores condições clínicas para iniciar a quimioterapia; o de gratidão pela solidariedade de tantas pessoas que se envolveram na execução do procedimento; o de compromisso com a qualidade e com a eficiência do atendimento do Sistema Único de Saúde. A história da primeira leucaférese do Cariri sempre nos lembrará da importância de colocar amor em tudo que fazemos. Agora, a equipe está pronta para realizar novos procedimentos como esse, caso sejam necessários, contribuindo com o cuidado em saúde da população da região”, completa.
Equipe que realizou o procedimento contou com profissionais de Fortaleza e do Cariri
Para solicitar a leucaférese, é necessário que o médico que atende o paciente envie uma solicitação para o serviço de aférese do Hemoce, disponível on-line. A solicitação será analisada por um médico hemoterapeuta do Hemoce quanto à indicação, e fará a programação terapêutica.
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