Na Escola do Mar, filhos e netos de pescadores mantêm vivas as tradições familiares da vida à beira-mar, em meio a expectativa de operacionalização do Porto de Luís Correia e das perspectivas de modernidade e progresso para a cidade.
Um dos quatro municípios a compor a costa litorânea piauiense, a história de Luís Correia se confunde com o fazer dos pescadores. Antes Povoado de Amarração, a localidade se construiu tendo a pesca artesanal como principal atividade comercial.
“Como o primeiro nome do nosso município diz, Amarração, Luís Correia tem sua história associada aos pescadores artesanais e ao mar. Nossa escola reflete a identidade local em todos esses aspectos”, diz Lenna Mariela, diretora da Escola do Mar.
Inaugurada no último dia 19 de outubro, Dia do Piauí, a Escola do Mar é um Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) de abordagem inédita no Brasil, que tem por objetivo a qualificação de profissionais para atuação na área portuária, recém iniciada no Porto de Luís Correia.
“Aqui está sendo construído o presente e o futuro do nosso estado. É um presente para o povo do Piauí que, sem dúvida, vai transformar o cenário econômico e social da Planície Litorânea e de todo o Piauí”, comemora o secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira.
A estrutura oferta cursos técnicos em Portos, em Pesca, Segurança do Trabalho, Logística e Controle Ambiental, respeitando a identidade e as origens dos luís-correienses.
A jovem Tiffany Assunção, estudante do 1º ano do Ensino Médio, e cursando Portos, na Escola do Mar, é familiarizada desde pequena. Na casa dela, o sustento sempre veio da pesca e a lida com barcos, redes e tarrafas está presente em suas primeiras memórias.
“Meu avô ficou extremamente feliz por saber que eu vou continuar o legado dele. Porque foi a forma que ele sustentou a nossa família. É um legado que está no meu sangue e eu quero cumprir. Ter uma vida de pescados, de conhecer como foi a infância dos meus avós”, lembrou Tiffany.
Realidade compartilhada com a colega de turma, Árina Gabrielli. Na família, todos são pescadores. “Eu sou familiarizada com essa área da pesca desde sempre. Meu pai e meu avô são pescadores. A minha tia é presidente da primeira associação de pescadores do Piauí, a Colônia Z1. Tem a expectativa do Porto, para a gente poder ingressar e colocar em prática os nossos conhecimentos quando sairmos daqui. Desejo e me vejo trabalhando lá”, revelou Árina.
“A Escola do Mar casa com a nossa história, a história dos filhos e netos dos pescadores, e dos próprios pescadores. A Escola do Mar é a nossa realidade, nossa vivência”, afirma Carmem Araújo. Ela, professora há 20 anos e estudiosa da história da cidade, enxerga na estrutura escolar um espaço que une a tradição e a modernidade.
“O que a gente mais ensina é essa valorização da própria história. A Escola do Mar vem para casar essa ideia de que nós temos que desenvolver e fomentar as práticas culturais que foram passadas de geração a geração. É a tradicionalidade se somando à tecnologia, à modernidade”, continua Carmem.
Mais de R$ 6,8 milhões foram investidos na escola que, além de contar com os espaços regulares importantes para o desenvolvimento do modelo de Tempo Integral, dispõe ainda de Laboratório de Processamento de Pescado, Laboratório de Ciências do Mar, Laboratório de Análise de Pescado, Simulador de Navegação e Operações Aquaviárias, Sala de Acompanhamento de Manobras e Debriefing, Oficina de Práticas Náuticas e Pesqueiras, além de uma quadra de Beach Tênis.
“Tivemos a primeira experiência no simulador e foi uma sensação surreal, porque a gente nunca teve essa oportunidade. Nós, tão novas, tendo essas experiências tão boas, com grandes oportunidades para nossas vidas”, confessou Tiffany.
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