Mãe e filha celebram recuperação após tratamento de pneumonia grave com procedimento de oxigenação por membrana extracorpórea (Ecmo)
Ao longo de uma semana, Isis Ikeda, de 7 anos, apresentou um quadro de sintomas de tosses seguidas de vômitos, dificuldade de respirar e dores no peito. Moradores da Caponga, distrito de Cascavel, interior do Ceará, a família da pequena resolveu ir a uma unidade de saúde da região em busca de atendimento para a filha.
“Em uma terça-feira, a Ísis estava com dores no peito e tórax. Depois surgiu um incômodo no coração e um aumento da falta de ar. Os médicos descobriram que o pulmão direito dela estava todo comprometido de pneumonia”, conta Alainê Ikeda, 31 anos, mãe da criança.
A partir desse momento, a pequena precisou fazer uso de ventilação mecânica para ajudar no processo de respiração. Mesmo assim, a criança não respondeu bem ao tratamento. A solução encontrada pela equipe médica foi encaminhá-la para o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), unidade pediátrica de alta complexidade, para realizar a oxigenação por membrana extracorpórea, denominada de Ecmo.
O Ecmo é um suporte utilizado para manter a função cardíaca e pulmonar em pacientes com condições graves. Durante o procedimento, a máquina executa as funções que o órgão deveria desempenhar. O sangue é desviado do corpo para uma máquina que oxigena e remove dióxido de carbono, depois retorna ao organismo.
“As células do nosso corpo só funcionam com oxigênio, e o pulmão da Isis, mesmo com a ventilação mecânica, não estava conseguindo fazer essa produção. Neste caso, o Ecmo atua para deixar o corpo descansar e dar mais energia até que os pacientes se recuperem do processo infeccioso da doença”, conta a pneumologista pediátrica do Hias, Juliana Aires.
Para a cardiologista pediátrica do Albert Sabin, Geni Medeiros, há uma complexidade por trás deste procedimento e nem todo mundo tem a indicação para realizá-lo. Os pacientes passam por uma avaliação criteriosa.
“Há casos de pessoas com condições irreversíveis que não podem passar pelo procedimento, pois a realização do Ecmo pode deixar muitas sequelas, como no caso de pacientes com alterações neurológicas graves. Além disso, trata-se de um procedimento caro, e exige o trabalho de diversos profissionais especializados”, explica.
Em observação por 24 horas, a caçula da família Ikeda passou seis dias em Ecmo. “Para garantir o sucesso do procedimento foi necessário montar uma equipe de especialistas em técnicas muito específicas para realizar acessos em vasos profundos, manusear os aparelhos e cuidar dos fluxos e da quantidade de oxigênio oferecido a ela”, detalha Geni Medeiros.
O time que tratou da criança foi composto por cirurgiões vasculares, fisioterapeutas, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nefrologistas, hematologistas, pneumologistas, intensivistas pediátricos, neurologistas e cardiologistas.
“O Hias é referência no atendimento pediátrico e, nos casos de Ecmo, nós precisamos ser rápidos. Tivemos menos de 12 horas para articular uma imensa equipe especializada e capaz de prestar o melhor atendimento possível para a Isis”, explica a cardiologista pediátrica.
Apesar da delicadeza do procedimento, os médicos que acompanham a pequena definem a recuperação dela como “um verdadeiro milagre”. “O caso dela é extraordinário. Hoje, ela está estável, na enfermaria, sem nenhuma sequela. Ela chegou em uma situação gravíssima, não respondendo à ventilação mecânica e, hoje, estamos vibrando com a recuperação excelente que ela teve”, complementa a pneumologista pediátrica, Juliana Aires.
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