Confluência é palavra-chave no avançar da construção de políticas públicas que visam prevenir e reduzir violências. Através do Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência do Governo do Ceará (PReVio), o projeto Jovens Mediadores e o Programa de Formação Permanente em Gestão para Resultados na Prevenção à Violência foram lançados, hoje (30), na Escola de Socioeducação.
O evento marca o início das atividades e a integração dos jovens mediadores que participarão do Curso de Formação de Facilitadores de Círculos de Construção de Paz. Envolvendo diretamente as juventudes que têm engajamento e conhecimento sobre a rede comunitária de seus territórios, o projeto Jovens Mediadores aposta no protagonismo juvenil para a prevenção e resolução pacífica de conflitos territoriais.
É através de cursos de formação pautados em metodologias ativas de promoção da Cultura de Paz que jovens moradores dos bairros Granja Lisboa, Barra do Ceará, Jangurussu, Vicente Pinzon e Curió serão habilitados a contribuir com a prevenção de ocorrências violentas em suas comunidades de origem.
Para desenvolver e fortalecer competências pessoais e sociais, os jovens previamente inscritos e selecionados passam por um processo de capacitação envolvendo temas como Círculos de Construção de Paz, Comunicação Não Violenta, Mediação de Conflitos, Justiça Restaurativa e Direitos Humanos.
Ao Jovem Mediador, entre outras atribuições, cabem o mapeamento da rede de jovens e potenciais parceiros para o Projeto; o planejamento, a mobilização e a realização dos Círculos de Construção de Paz e demais metodologias relacionadas à Cultura de Paz; a aplicação das metodologias aprendidas em atividades ancoradas no NAPAZ e instituições locais (escolas, associações, coletivos de juventude e etc); a participação em atividades comunitárias e a identificação de situações de conflitos e casos de vulnerabilidade no território para encaminhamento a outras instâncias.
Finda a formação, os jovens serão avaliados com base em seus desempenhos nas atividades práticas e habilidades necessárias para conduzir iniciativas de prevenção da violência e promoção de uma Cultura de Paz. Após a avaliação, 20 jovens mediadores de conflitos atuarão oficialmente em seus territórios por um período de até dois anos, enquanto os demais compõem um cadastro de reserva. Os selecionados receberão uma bolsa mensal de R$ 400,00 para apoiar suas atividades.
Com o certificado em mãos, os jovens também estarão aptos a atuar no âmbito das escolas, no Sistema de Justiça e na Socioeducação, espaços que também promovem a metodologia dos Círculos de Construção de Paz.
“Nos cursos, temas como bullying nas escolas, gênero e raça, diversidade, direitos humanos, Justiça Restaurativa e Comunicação Não Violenta são trazidos ao debate para fortalecer competências pessoais e sociais de quem será preparado para promover o diálogo e evitar ocorrências violentas nas comunidades. O Estado deve chegar antes do conflito ou da violência ocorrer”, explicou Renata Araújo, coordenadora do Projeto Jovens Mediadores e integrante da Assessoria de Prevenção à Violência – ASPREV.
Morador do bairro Jangurussu, Raylan Flor, 27, é um dos inscritos no projeto Jovens Mediadores. Para ele, o trabalho voluntário já praticado vai fazer a diferença na sua formação. “Trabalho vendendo doces e salgados na rua e com o dinheiro que ganho banco sozinho dois projetos: um de letramento para crianças e idosos e outro de distribuição de alimentos. Como Jovem Mediador espero adquirir mais conhecimento para evitar o aumento de casos de violência e crimes onde moro”, destaca.
Já o Programa de Formação Permanente em Gestão para Resultados na Prevenção à Violência é uma das estratégias do PReVio para formar gestores, técnicos e lideranças estaduais e municipais que atuam nas políticas públicas e contribuem para a prevenção da violência nos 10 municípios cearenses com maiores índices de CVLIs (crimes violentos letais intencionais). Com inscrições abertas através do site da Escola de Gestão Pública do Governo do Ceará, a formação é para pessoas que foram contratadas em 2024 para atuar nos projetos do PReVio e são moradoras de Fortaleza e da Região Metropolitana.
Para o gerente de monitoramento e avaliação da UGP-PReVio, Everton Maciel, a importância de um Programa de Formação especialmente voltado aos profissionais que atuam nos territórios em situação de violência cresce quando o fenômeno passa a ser compreendido a partir de seu aspecto multifatorial e polissêmico.
“É necessário estimular nos gestores, profissionais e lideranças a habilidade de observar criticamente a realidade social e “ler” cenários dos territórios onde atuam, sob a ótica dos direitos humanos. Isso permitirá que fundamentem suas práticas a partir de uma abordagem integrada, intersetorial e transversal, levando em conta as redes de atendimento públicas, comunitárias e privadas existentes nos territórios para criar possibilidades de intervenções especializadas no processo de construção de uma cultura de paz”, enfatizou.
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