Em uma atmosfera de muita história e cultura, a cidade de Areia, mais especificamente o Teatro Minerva, foi palco do lançamento das antologias da 4ª edição da Festa Literária da Rede Estadual de Ensino da Paraíba (Flirede), nesta terça-feira (29), Dia Nacional do Livro. Esta 4ª edição da festa tem como tema "Pedro Américo, das Telas às Páginas: 180 Anos de História", homenageando o renomado artista paraibano. O evento de lançamento contou com a presença de cerca de 200 pessoas, entre autoridades, secretários, gestores, artistas e familiares dos vencedores.
A Flirede foi instituída em 2020 pelo Decreto nº 40.002, com o objetivo de incentivar a leitura nas escolas estaduais e estreitar laços culturais com a literatura local. Nesta edição, a participação aumentou 67% em relação à anterior, com inscrições de mais de três mil produções literárias. O evento celebra a literatura e a criatividade estudantil com a participação de 272 escolas de diversas regiões do estado, evidenciando o empenho de estudantes e professores.
Durante a cerimônia, os participantes receberam exemplares das antologias literárias produzidas no evento: Fliredinha, com obras dos estudantes do ensino fundamental inicial; Flirede: Estudantes, que reúne crônicas e poesias de estudantes do ensino fundamental final, médio e de jovens e adultos; e Flirede: Professores, dedicada aos docentes, publicações que reforçam o valor da expressão literária como ferramenta de protagonismo estudantil e docente.
A estudante Isabelli Emídio, da 2ª série do ensino médio da Escola Cidadã Integral Bartolomeu Macarajá, em São José dos Cordeiros, compartilhou sua experiência com a Flirede e a conexão que desenvolveu com a literatura. "Foi algo gigantesco, que me chamou muito a atenção quando vi as categorias," relatou. Isabelli destacou seu interesse pelo gênero "slam" e como se sentiu inspirada ao criar uma produção baseada na história de Pedro Américo. "Gostei muito e foi muito inspirador para mim. Aprendi várias coisas e tive a oportunidade de compartilhar o que aprendi. Realmente incrível", concluiu, emocionada.
A mesa de honra do evento foi composta pelo secretário de Estado da Educação, Wilson Filho, a prefeita de Areia, Silvia Cesar Farias da Cunha Lima; a presidente da Empresa Paraibana de Comunicação, Naná Garcez; o secretário Executivo de Gestão Pedagógica, Edilson Amorim; a gerente Executiva de Desenvolvimento e Protagonismo Estudantil, Neilze Cruz; entre outros. Na ocasião, o secretário Wilson Filho destacou a importância da Flirede como um espaço de valorização das competências socioemocionais dos estudantes, promovendo a integração das bibliotecas ao cotidiano escolar e social por meio de atividades interdisciplinares.
“Esse evento encerra o mês do professor e celebra o Dia do Servidor, reafirmando a relevância do trabalho de cada profissional da educação na construção de novas histórias para os alunos. Ele também evidencia o papel transformador da educação. Nosso objetivo é oportunizar que estudantes, incluindo os privados de liberdade, escrevam novas histórias e alcem novos voos. Que a inspiração de Pedro Américo nos encoraje a romper barreiras, usando o conhecimento como ferramenta de luta e liberdade. Agradeço a todos que contribuíram para o sucesso da Flirede”, declarou o secretário.
Já o coordenador da Flirede, Tiago Germano, agradeceu o empenho e dedicação de todos os envolvidos na organização e ressaltou que o evento representa o compromisso coletivo em oferecer uma educação transformadora, com os estudantes como protagonistas. "Esse é um projeto pioneiro no nosso país e que reflete os sonhos de um mundo mais justo e fraterno, onde a arte e a leitura têm um papel essencial na formação das novas gerações”, afirmou.
Uma das novidades da Flirede deste ano foi a inclusão do gênero literário slam, com quatro produções premiadas. A estudante Yonara Silva do Nascimento, da Escola Estadual Severino Gregório Dantas, apresentou seu slam “Um Cabra Inteligente”, representando a diversidade de linguagens e o envolvimento criativo dos jovens. As demais produções estão disponíveis no canal do YouTube da SEE-PB, ampliando o acesso à literatura criada pelos alunos. Outro destaque do evento foi a apresentação em Libras do poema “Pintor das Quadras”, feita pelo estudante Lindemberg Gomes da Silva Filho, do 5º ano, acompanhado de sua professora orientadora e intérpretes.
Os representantes das 16 Gerências Regionais de Educação da Paraíba receberam certificados de participação na Flirede, em reconhecimento ao trabalho dos núcleos de protagonismo e ao engajamento das equipes regionais. Além disso, homenagens foram feitas aos coordenadores, apoios técnicos e oficineiros que colaboraram para o sucesso da Flirede, reforçando o esforço coletivo na promoção da cultura literária no estado.
No bate-papo com o professor e escritor Thélio Farias, ao lado de estudantes e professores participantes desta edição, o público teve a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre literatura e a importância da valorização da cultura paraibana na formação dos estudantes. Thélio compartilhou sua trajetória no mundo das letras e trouxe reflexões sobre a responsabilidade dos escritores em abordar temas sociais e culturais locais. Ele enfatizou o poder da literatura em resgatar memórias e criar conexões entre gerações, destacando ações como a Flirede, que promovem uma educação humanizada e engajada com as raízes culturais do estado.
Flirede 2025- Em clima de Oscar, Tiago Germano e Naná Garcez anunciaram o tema da próxima edição. Na ocasião, a festa homenageará pela primeira vez uma mulher, a escritora Maria Ignez Marques Mariz, sob o tema “Ignez Mariz - 120 anos de uma voz represada”. Nascida em Sousa, no dia 26 de dezembro de 1905, Ignez Mariz foi uma figura pioneira na literatura do alto sertão paraibano. Atuante na imprensa local desde jovem, ela lançou a "Campanha Pró-Bibliotecas Municipais" nos anos 1930 e, em 1937, publicou o romance "A Barragem", que narra a construção da barragem de São Gonçalo e as histórias de vida das mulheres sertanejas. Ignez Mariz se destacou por retratar com sensibilidade o cotidiano feminino no sertão e deixou uma marca única na literatura nordestina.
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