A cena de um animal atropelado na estrada é um episódio comum em muitas rodovias do Maranhão, o que resulta, também, uma perda para a biodiversidade da fauna. Pensando em proteger as espécies e minimizar esses impactos, o pesquisador Isaque Mesquita, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Ifma), em Buriticupu, desenvolveu o aplicativo “Bicho na BR”.
O aplicativo parte do projeto ‘Plataforma para mapeamento da fauna perdida em acidentes de trânsito na BR 222, entre Açailândia e Buriticupu’ e conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Fapema.
Segundo os dados já obtidos, entre os animais mais atingidos estão a raposa, com 37 registros, e o tamanduá, com 22. Outros casos incluem 13 atropelamentos de quatis, 11 de cobras, seis de pássaros e três de tatus, jacarés e classificados como desconhecidos ou outros. Além disso, houve dois registros de preguiças e um caso de capivara, jaguatirica e gato do mato, respectivamente.
De início, o sistema foi projetado para mapear trechos da BR-222, entre Buriticupu e Açailândia, e atualmente pode ser acessado em qualquer lugar do mundo. Basta o usuário alterar as configurações de seu perfil no aplicativo e definir a área de mapeamento.
A expectativa é de que o aplicativo auxilie na redução dos atropelamentos de animais silvestres, some na promoção de ações pela preservação da fauna maranhense, sensibilize a sociedade para a proteção ambiental e estimule a colaboração entre diferentes setores.
“Soluções inovadoras são grandes contribuintes para enfrentamento dos desafios ecológicos contemporâneos”, avalia Isaque Mesquita.
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), Nordman Wall, avalia que a ferramenta é um avanço na área de tecnologia e segurança viária, que visa contribuir com a redução dos riscos de acidentes envolvendo animais e veículos, além de somar na preservação da fauna local. “Parabenizo todos os envolvidos no projeto. Esta iniciativa mostra a importância da tecnologia na resolução de desafios cotidianos e da colaboração entre instituições de pesquisa, empresas e o governo para impulsionar o progresso científico e tecnológico em nossa região”, reforça.
A ideia de desenvolver algo que ajudasse na proteção destes animais surgiu do coordenador do projeto, Maurício Pereira, a partir de viagens semanais, realizadas na BR-222, no trecho entre Buriticupu e Açailândia.
“Presenciar a cena de animais atropelados foi muito entristecedor e, ao mesmo tempo, provocou o questionamento sobre o que poderia ser feito diante da situação, e nasceu o aplicativo. Esses registros de animais mortos e dos locais dos acidentes podem servir a quem trafega na rodovia e, também, aos órgãos governamentais e iniciativa privada, como base na construção de ações que reduzam essa mortandade”, avalia coordenador do projeto, Maurício Pereira.
As imagens coletadas pelo aplicativo vão ajudar a mapear trechos onde mais ocorre atropelamento de animais e servirão de base para a formulação de medidas preventivas e que direcionem esforços para conservação, de forma mais eficaz. “É uma plataforma relevante para integrar a tecnologia às ações de conservação ambiental”, reforça o pesquisador Isaque Mesquita.
O aplicativo Bicho na BR pode ser baixado no sistema Android. Os próximos passos do projeto são implementar a avaliação taxonômica automática dos registros enviados, a partir da integração com recursos de inteligência artificial; possibilitar aos usuários alertas automáticos de área de risco de atropelamento de animais; criar comunidade no aplicativo para debates sobre o tema e portal de dados; tornar acessível na versão para IOS; e ampliar número de usuários e de instituições parceiras.
Isaque Mesquita pontua a importância da Fundação maranhense para concretizar o projeto e o aplicativo. “Moro a 100 quilômetros do Ifma e o apoio da Fapema me trouxe estímulo para a permanência e conclusão dos estudos. Também me ajudou nos custeios necessários à execução do projeto. Sem esse apoio, não teríamos chegado aonde estamos”, enfatizou.
Integram o grupo de trabalho do projeto o doutor em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba (UFBP), Pablo Melquisedeque, que é subcoordenador do estudo; e a pesquisadora voluntária do Ifma Buriticupu, Maria Eduarda Nascimento.
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