108 pacientes passaram por transplantes de córnea no HGF no primeiro semestre de 2024
“Quando acordei hoje e vi tudo claro, nem acreditei”, relata Celestina Mendes, de 82 anos. A aposentada, natural de Tejuçuoca, a 144 km de Fortaleza, realizou um transplante de córnea no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) no último dia 13 de setembro. Mesmo após dois transplantes malsucedidos em outra instituição, Celestina mantém a fé na recuperação. “Dessa vez, [o resultado dos] meus exames foram todos ótimos. Se no primeiro dia já estou vendo, imagine depois de totalmente boa”, comemora.
A alegria de Celestina é compartilhada com outros 107 pacientes que receberam córneas entre janeiro e junho deste ano no equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Desde dezembro de 2016, o HGF mantém zerada a fila de espera pelo tecido ocular, o que permite até compartilhar as captações com estados vizinhos, como Piauí e Rio Grande do Norte.
Leia mais:Ceará é o primeiro no ranking brasileiro de transplantes de córnea
“‘Fila zero’ é uma marca estabelecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e indica que o paciente não precisa esperar mais de um mês por uma córnea”, explica a coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HGF, Márcia Vitorino.
Serviço de Oftalmologia do HGF conta com equipamentos de alta tecnologia para diagnóstico e tratamento de doenças
Oftalmologista e preceptor da residência do serviço no HGF, Dácio Costa ressalta a trajetória de investimentos que pavimentam os resultados positivos do hospital. “Além de grandes especialistas que, anualmente, formam novos profissionais para o Estado por meio da Residência de Oftalmologia, temos equipamentos de alta tecnologia”, afirma. “Este ano, recebemos um ‘pentacam’, aparelho que auxilia na definição do melhor tratamento para doenças como a ceratocone, que é uma das principais causas de transplante de córnea. Com um tratamento mais eficaz, a gente consegue até evitar a necessidade de um transplante”, complementa.
O Hospital Geral de Fortaleza possui o único banco de olhos público do Ceará e recebe córneas e escleras (parte branca do olho) de todo o estado. Fundado em 2006, o serviço conta com uma equipe especializada que capta, analisa e preserva o material biológico. O prazo para utilização é de 14 dias após o armazenamento. “O procedimento só é realizado após um rigoroso controle de exames para garantir que o tecido é saudável e apto para o transplante”, reforça Costa.
A cirurgia do transplante de córnea é considerada simples e, na maior parte dos casos, o paciente recebe alta no mesmo dia. “Apesar da recuperação ser um pouco lenta, os resultados são muito satisfatórios, ultrapassando os 90% de sucesso”, completa o médico.
Para doar órgãos e tecidos, é importante comunicar sua intenção à família, pois é ela quem autoriza a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.