“Graças a Deus, à equipe médica e ao ‘sim’ de uma família, no dia 1º de fevereiro de 2024 meu novo coração chegou. Agora posso contar uma nova história”, lembra com gratidão
O estudante Hermano Loureiro Neto, 30 anos, natural de Primavera, no Pará, voltou a ter qualidade de vida e a sonhar com o futuro após receber um novo coração. “Em breve, estarei ao lado da minha filha, poderei brincar com ela, concluir minha faculdade e voltar a praticar esportes. Estou feliz e cheio de esperança!”, destaca Hermano, com entusiasmo renovado.
O caminho para essa nova vida, no entanto, foi longo e desafiador. Diagnosticado com insuficiência cardíaca aos 23 anos — condição em que o coração não bombeia sangue suficiente para o corpo —, Hermano foi acompanhado ambulatorialmente até 2018, quando foi encaminhado ao Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), referência em transplantes cardíacos nas regiões Norte e Nordeste, onde passou a ser atendido na Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca (UTIC).
Aos poucos, o jovem viu sua saúde se deteriorar. Ele relembra as inúmeras internações, o cansaço debilitante e os sonhos interrompidos. “Apesar do diagnóstico, sempre levei uma vida normal. Estudava, trabalhava, praticava esportes e tive uma filha, minha maior paixão. Mas a doença progrediu, e eu me vi entre duas opções: me entregar ou lutar para viver”, conta ele, emocionado.
Com a evolução da doença e sem novas alternativas de tratamento, o transplante de coração tornou-se a única solução. Hermano encontrou na família e na filha a força necessária para enfrentar o medo e o desânimo. “Chegou um momento em que o cansaço era tão grande que pensei em desistir. Doía quando minha filha me chamava para brincar e eu não conseguia. Sempre fui ativo, jogava futebol, mas cheguei ao ponto de não conseguir andar sem me esgotar fisicamente”, lembra.
Em 2023, após uma piora significativa, Hermano veio de vez para o Ceará. “Fui internado imediatamente. Eu precisava do transplante para ter de volta minha qualidade de vida. Fui listado em janeiro de 2024 e, graças a Deus, à equipe médica e ao ‘sim’ de uma família, no dia 1º de fevereiro meu novo coração chegou. Agora posso contar uma nova história”, lembra com gratidão.
Assista ao depoimento de Hermano:
A trajetória de Hermano é apenas uma entre as diversas histórias que passaram pela UTIC. Cada transplante realizado envolve sonhos e expectativas, sustentados pela decisão de famílias que, em momentos de perda, escolhem oferecer uma nova chance de vida para quem aguarda um órgão. Essas histórias também refletem o trabalho incansável de uma equipe dedicada a enfrentar a urgência do tempo.
Até 19 de setembro de 2024, segundo a Central de Transplantes do Estado, foram feitos 25 transplantes cardíacos, incluindo cinco em crianças
O Hospital de Messejana, equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), ocupa o terceiro lugar no Brasil e o primeiro no Nordeste em número de transplantes cardíacos, tendo realizado 548 procedimentos em 25 anos. Até 19 de setembro de 2024, segundo a Central de Transplantes do Estado, foram feitos 25 transplantes cardíacos, incluindo cinco em crianças. Atualmente, oito pessoas aguardam por um coração no Ceará.
O paciente que precisa passar por um transplante é acompanhado ambulatorialmente antes e depois do procedimento
A equipe multidisciplinar da UTIC, formada por 33 profissionais de diversas áreas, como cirurgiões, cardiologistas, anestesistas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas, tem um papel essencial antes, durante e após o transplante. O acompanhamento pré-operatório inclui consultas, exames e avaliações nutricionais, sociais e psicológicas. Após a cirurgia, os pacientes participam de um programa de reabilitação cardíaca com atividades físicas supervisionadas por seis meses.
O coordenador do serviço de transplante, o cardiologista João David de Souza Neto, destaca a importância do trabalho realizado. “Nossos resultados não são apenas números, são vidas, são histórias e nos alegra ajudar a contá-las. Temos pacientes com 25 anos de transplante, outros com 17, outros com dez, e isso mostra a importância do acompanhamento. Esse é um dos nossos diferenciais”, afirma.
Assista ao cardiologista João David de Souza Neto:
O especialista também menciona os avanços no processo de captação de órgãos, com a regionalização da saúde. “Ainda enfrentamos recusas de famílias, que se devem à falta de conhecimento e mitos sobre o transplante, apesar das várias campanhas educativas. É fundamental destacar a transparência do processo e os benefícios para os pacientes. As equipes estão cada vez mais engajadas. O Governo do Estado e a Sesa também têm apoiado, e a regionalização da saúde permitiu aumentar a oferta de órgãos, reduzindo o tempo de espera dos pacientes”, explica o cardiologista.
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Para doar órgãos e tecidos, é importante comunicar sua intenção à família, pois é ela quem autoriza a doação. O Ceará realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.
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