A comparação social, a pressão por perfeição, o isolamento e a dependência digital são algumas das consequências graves do uso das redes sociais. Por outro lado, a era digital facilita o acesso a informações em todo o mundo, quebrando fronteiras e possibilitando a comunicação instantânea. Discutir os desafios e as oportunidades da era digital e de que forma isso afeta na saúde mental foi o principal objetivo do 3º Simpósio de Prevenção ao Suicídio, promovido neste sábado (21), pelo Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, unidade da rede estadual de Saúde.
O evento, que faz parte da programação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da campanha Setembro Amarelo, de combate e prevenção ao suicídio, aconteceu na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM), em João Pessoa, das 8h30 às 17h.
De acordo com o diretor geral do Complexo, Tercio Ramos, a escolha da temática foi devido à observação da demanda do Juliano Moreira alinhada à realidade que acontece nacionalmente e mundialmente. “Tanto no hospital, onde atendemos os casos mais graves com internações, quanto no ambulatório de saúde mental, onde costumamos atender até 1.600 pessoas por mês, temos percebido a grande influência do digital, como por exemplo, o uso excessivo de telas; das redes sociais, o que pode influenciar no desencadeamento de quadros de ansiedade, depressão e outros sofrimentos mentais. São fatores que vão se somando e que podem desencadear quadros mais graves”, declarou.
Para a assessora de gabinete da SES, Renata Nóbrega, é um tema extremamente relevante para ser discutido entre os profissionais de saúde com a sociedade. “É muito importante trazer a discussão do tema da saúde mental na era digital e quais os impactos que isso pode causar, principalmente, no período pós-pandemia, para a nossa sociedade, com a participação do Ministério Público, CRM e de toda a rede de serviços dos participantes do evento que já se colocaram à disposição para colaborar,” falou.
A psiquiatra e diretora técnica do Juliano Moreira, Camila Franca, foi uma das palestrantes do evento e apresentou estudos realizados no Brasil, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, onde são alarmantes os impactos das redes sociais em adultos, adolescentes e em crianças. “De acordo com as pesquisas, nos últimos 10 anos, aumentou em 60% o nível de depressão e angústia em adolescentes e 60% de pensamentos suicidas, devido à comparação, baixa autoestima e por estarem sempre querendo alcançar a “vida perfeita” que vêem na internet. Muitas vezes, as pessoas não percebem que, embora todo ser humano tenha problema, na internet só posta o que é bom e belo e isso acaba confundindo vida real com a vida virtual”, pontuou.
A médica apontou como saída para estas situações a importância do autocuidado, priorizando o sono e o convívio social e também o equilíbrio digital, usando a tecnologia sem comprometer o bem-estar. Para isso, devem ser reduzidos o tempo gasto nas redes sociais; estabelecer limites de tempo para o uso de telas e respeitá-los e priorizar atividades que agreguem valor à vida, como interações sociais.
A programação ainda incluiu debates sobre os temas: “Cyberbulling: prevenção e intervenção”; “Desintoxicação digital: necessidade ou modismo?”; “Crianças e adolescentes na era digital: protegendo a saúde mental” e a “Mesa redonda: a influência dos influenciadores: positiva ou negativa?”
Durante todo o evento aconteceram exposições de quadros e artesanato produzidos pelos pacientes do Juliano Moreira, por meio das oficinas de arte que acontecem no Complexo Psiquiátrico.
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