Pouco tempo de vida e muitas histórias de superação para contar. Assim são marcadas as passagens de alguns bebês e crianças que necessitam de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, pertencente à rede estadual de saúde e gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão (PB Saúde). Neste mês de setembro, a unidade hospitalar, como forma de registrar essa trajetória de superação para a posteridade, está entregando um livro com a narração dos principais acontecimentos do paciente, desde o primeiro dia de internação até o dia da sua alta da UTI pediátrica.

De acordo com a fisioterapeuta intensivista pediátrica Beatriz Ferreira, idealizadora do projeto, existe uma grande rotatividade de pacientes que necessitam de internação na UTI, uns de permanência breve, mas outros que passam por muitas batalhas e diversas complicações, e serviram de inspiração para a idealização do livro. “A ideia do livro é ter uma recordação para os pais, mas principalmente para a criança. Para quando ela crescer, terá ali um capítulo da vida dela sendo contada por ela como protagonista. Por isso, a história é contada sempre em primeira pessoa, ou seja, como se fosse o paciente narrando”, explicou Beatriz.

Nessa terça-feira (17) a emoção tomou conta quando a pequena Melissa, que desde seu primeiro dia de vida precisou ficar internada na UTI, recebeu alta para a enfermaria após cinco meses de internação. Ela recebeu o livro que teve como título: “As aventuras de Melissa”, narrando sua luta pela vida.

A pequena Melissa foi diagnosticada com mielomeningocele rota, uma malformação congênita que ocorre quando a medula espinhal se expõe devido a um defeito de fechamento do tubo neural durante a gestação. É considerado o tipo mais grave de espinha bífida e pode causar uma série de complicações, como problemas de movimento, problemas urinários e fecais, hidrocefalia. Com isso, ela precisou realizar nove cirurgias e muitas intercorrências durante seu período de UTI, conforme relatou a mãe da paciente, Joelma Ferreira, do município de Piancó.

“Só depois que ela nasceu foi que descobrimos a sua doença. Ela nasceu e já teve que ser transferida com urgência para cá, pois o hospital de Piancó não tinha o suporte que ela precisava. Desde então, foram nove cirurgias, intubação, traqueostomia, enfim, ela é um verdadeiro milagre. Está sendo uma grande vitória chegar até aqui e é muito emocionante receber esse livro relatando os momentos que passamos na UTI. Agora é pedir a Deus que ela melhore cada dia mais e a gente possa voltar para casa”, contou Joelma.

A idealizadora do livro ressaltou que a história da Melissa é muito marcante, pois, devido a todas as intercorrências, ela tinha tudo para não estar mais viva. “Melissa é um verdadeiro milagre, foram cinco meses de internação desde o seu primeiro dia de vida e nada mais gratificante do que registrar a sua história por meio desse livrinho, principalmente dos momentos mais delicados onde a gente via que a mãe dela não perdia a fé, estava sempre com o terço na mão rezando. Então, nós também trazemos esses relatos e desejamos que o paciente possa viver a partir de agora outras aventuras longe das paredes do hospital”, ressaltou Beatriz Ferreira.

Beatriz lembra ainda que o primeiro paciente a receber o livro foi o pequeno Francisco Arthur, com 6 meses de vida, que passou por uma cirurgia cardíaca e precisou ficar internado dois meses na UTI pediátrica. No dia da sua alta para a enfermaria, no dia 9 de setembro, Chico (como é carinhosamente chamado pela equipe Multi) recebeu o livro que tinha como título: “Chico em: As aventuras do coração”. O momento foi marcado por muita emoção, tanto da equipe multi que o acompanha como dos pais do pequeno paciente, que além de vencer mais uma etapa, pode receber o carinho e acolhimento da equipe.

Para a diretora hospitalar Louise Nathalie, com pequenos gestos é possível causar grandes impactos positivos na vida dos pacientes. “O tratamento humanizado está também nos detalhes. A ideia do livro é uma forma de abraçar os pais, além de mostrar o caminho percorrido por seus filhos até a alta da UTI. Sabemos que essa rotina hospitalar não é fácil e eternizar uma vitória que será mostrada ao filho ou filha quando tiverem maiores, tenho certeza que é um afago no coração, e renova as energias para enfrentar as próximas etapas até a alta hospital”, enfatizou Nathalie.