“Vencendo a seletividade alimentar em casa” foi tema de atividade promovida pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na Casa de Apoio Ninar, em São Luís (MA). A oficina realizada na segunda semana de setembro foi destinada a famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) atendidas na unidade
A nutricionista Eulina Trindade e o chefe de cozinha Carlos Mattos conduziram a palestra. A atividade aconteceu na última quinta-feira (12) no espaço Cozinha Amiga, parte do circuito de vivência da Casa de Apoio Ninar, e contou com a visita do secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes.
A oficina, dividida em dois períodos — manhã e tarde —, atendeu 20 famílias e abordou estratégias para vencer a seletividade alimentar em casa, comum entre crianças com TEA. Em sua fala, o secretário Tiago Fernandes parabenizou a equipe da Casa de Apoio Ninar.
“Quero ressaltar o trabalho ímpar desenvolvido por nossas equipes no cuidado integral das crianças assistidas na Casa de Apoio. Por isso, o governador Carlos Brandão mantém o compromisso com a oferta desta importante rede de serviços para as crianças e seus familiares”, destacou o secretário Tiago.
Glauciane Gonçalves Moraes, mãe de Enzo Gabriel, de 7 anos, e Davi Lucas, de 10 anos, frequenta a Casa de Apoio Ninar há quatro anos. Ela expressou sua gratidão ao time da nutrição: "Eles têm um papel importante na minha vida. Aqui é a minha segunda casa. Todos os alimentos que meus filhos aprenderam a comer foram aqui: a tocar, a cheirar. O chefe Carlos é meu anjo aqui na terra", disse, emocionada.
As nutricionistas destacaram a importância de promover a oficina para as mães que começaram o circuito de vivência na Casa de Apoio Ninar a partir de agosto. O objetivo é identificar a relação das famílias com alimentos naturais e ensinar como oferecê-los em casa. “Muitas vezes, a mãe não aguenta ver a criança com fome e oferece o mais prático ou o que ela gosta”, explicou a nutricionista Eulina Trindade.
Eulina ressaltou que 90% das crianças com autismo apresentam seletividade alimentar, e o papel da nutrição é ajudar as famílias a superar essas dificuldades. Ela também destacou que o acompanhamento na Cozinha Amiga é uma extensão do atendimento ambulatorial, permitindo adaptar o planejamento alimentar à realidade de cada família. “A Cozinha Amiga é um complemento do atendimento com os nutricionistas. Adequamos o planejamento alimentar à realidade de consumo da família, com os alimentos mais comuns na cidade onde elas vivem”, disse.
Carlos Mattos, chef de cozinha, enfatizou o aspecto sensorial da alimentação na oficina: “Falamos da importância do consumo de frutas, verduras e legumes, quais as vitaminas que cada uma contém e a importância de cada vitamina para a saúde da criança. Além disso, focamos na parte sensorial — alimentos ácidos, pastosos, e as diferenças de sensibilidades no paladar. A criança precisa interagir e aprender junto sobre os valores nutricionais”, frisou.
Maria José Lima, da cidade de Lago do Junco, frequenta a Casa de Apoio Ninar semanalmente com os filhos Waslley, 13 anos, e José, 7 anos, ambos com TEA. Ela compartilhou como a unidade foi essencial para o desenvolvimento deles. “Meu filho passou por uma situação que ficou de cama, sem comer, e tudo que eu ofertava ele não comia. Eu ficava preocupada com ele. Desde que eu trouxe ele para cá, ele desenvolveu bastante. Hoje ele já aceita algumas comidas”, afirmou.
A Cozinha Amiga, projeto que integra o circuito de vivência da Casa de Apoio Ninar, busca transformar as orientações nutricionais em práticas cotidianas, ensinando as famílias a lidar com a seletividade alimentar de forma lúdica e inclusiva, promovendo um ambiente confortável e acolhedor para a alimentação das crianças.