Com 435 participantes, a 5ª Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná terminou nesta quinta-feira (4) somando 150 sugestões de curto, médio e longo prazo para o desenvolvimento científico do Brasil nos próximos anos. Realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), o evento antecede a conferência regional, que será sediada pelo Paraná nos dias 25 e 26 de abril, com participação de representantes do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação (CTI) dos três estados do Sul.
As propostas levantadas serão revisadas e consolidadas na próxima semana para subsidiar a etapa regional da conferência nacional, que será realizada no período de 4 a 6 de junho, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília (DF). Em todo o país, os documentos compilados pelos estados contribuirão para a elaboração da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2024-2030.
Para o secretário Aldo Bona o evento representou o envolvimento do Estado e de toda a comunidade em torno dessas pautas. “Os participantes puderam contribuir com suas experiências e vivências, promovendo debates a partir dos sete eixos temáticos para que possamos construir a melhor estratégia nacional na área. O Paraná evidenciou o seu grande capital do sistema de ciência, tecnologia e inovação”, disse.
O evento estadual reuniu instituições públicas e privadas de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica, comunidade acadêmico-científica, ambientes promotores de inovação, gestores e técnicos governamentais e agentes do setor produtivo empresarial. Foram dois dias de intensa programação, no campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba, voltada para o fortalecimento da área de CTI.
Para promover as conferências estadual e regional, a Seti articulou uma parceria institucional com a Secretaria da Inovação, Transformação e Modernização Digital (SEI), a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná e a UTFPR. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento socioeconômico sustentável com base no conhecimento.
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, destacou o evento como um espaço de diálogo com a sociedade para refletir sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação e o rumo para os próximos anos. “Estamos discutindo temas importantes para o país e também para o estado, reunindo as principais lideranças de ciência e tecnologia do Paraná, a fim de contribuir com o avanço do setor”, afirmou o gestor, que participou da primeira conferência nacional.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL– A programação do segundo dia da conferência estadual começou com uma palestra sobre as oportunidades de cooperação científica entre o Brasil e os países da União Europeia, que envolvem, atualmente, bolsas de pós-doutorado, programas de intercâmbio e ações de financiamento. Entre os desafios estão iniciativas para facilitar a internacionalização de negócios paranaenses de base tecnológica.
O assunto foi apresentado pelo jurista Dhallys Mota Nunes, que atua como oficial de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação da União Europeia para o Brasil. Ele destacou a importância da ciência paranaense no contexto nacional e internacional.
“O Paraná é um dos estados mais engajados na participação e colaboração da área da ciência, tecnologia e inovação, o que demonstra a importância da cooperação internacional, reforçada por um arranjo administrativo que assegura a participação brasileira em editais europeus”, disse o convidado, ressaltando o papel da Fundação Araucária para o financiamento destas ações.
GRUPOS DE TRABALHO– Ao longo desses dois dias os participantes discutiram diferentes cenários da ciência em sete grupos de trabalho. Entre os tópicos do eixo temático sobre o financiamento da pesquisa científica estão a percepção dos jovens sobre a ciência, o arcabouço legal e a biotecnologia, nanotecnologia e inteligência artificial. Em relação à permanência de pesquisadores no Brasil, o debate girou em torno dos níveis de educação e da pós-graduação stricto sensu.
Na área da inovação empresarial, os conferencistas dialogaram sobre redes colaborativas e investimentos para ampliar a quantidade de empresas inovadoras. No grupo de trabalho relativo aos programas e projetos estratégicos para a ciência nacional foi abordada a aplicação da Inteligência Artificial nas áreas de saúde, biotecnologia, agricultura, bioeconomia, energias renováveis e cidades inteligentes. O eixo divulgação científica articulou os cenários da alfabetização, do letramento científico e da percepção pública da ciência e do combate ao negacionismo e às falsas notícias.
A professora Zoraide Costa, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), ressaltou a importância da ampliação de investimentos na área de CTI. “Desde 2022 temos fonte de recursos financeiros para projetos práticos, o que contribui, por exemplo, para fortalecer a extensão universitária, com editais que financiam bolsas para alunos e pesquisadores”, disse a docente, que participou do grupo de trabalho sobre programas e projetos estratégicos.
A relatora do grupo de trabalho sobre programas e projetos estratégicos, Marcia Krama, que preside o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Curitiba, disse que o evento possibilitou a seleção dos projetos de pesquisa que representam a identidade do Paraná. “Discutimos temas como saúde e biotecnologia, agricultura, bioeconomia, energia renovável e cidades inteligentes sob o olhar da inteligência artificial”, afirmou.
Ela ressaltou ainda a colaboração de Curitiba para a estratégia nacional. “O conselho municipal de inovação faz a conexão com o estado para enriquecer os programas estaduais de forma alinhada com as estratégias regionais e nacionais”, afirmou.
Já na área da inclusão social, os participantes discutiram cenários acerca das ciências básicas e humanas, da valorização e difusão da ciência e da importância de promover a diversidade no meio científico. O último grupo de trabalho levantou a necessidade de incentivar os jovens para seguirem carreira acadêmica.
A aluna de mestrado em Planejamento Urbano da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Amanda Lima, que integrou o grupo de trabalho para o desenvolvimento social e inclusão, enfatizou o caráter participativo da conferência estadual de CTI do Paraná. “Conseguimos formular propostas efetivas para a transformação da ciência no nosso País, incluindo toda essa diversidade, pluralidade e diferentes perspectivas dos participantes”, avaliou a estudante, que atua como diretora de mulheres da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
NACIONAL– Com o tema Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido, a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI 2024) é considerada uma das principais iniciativas voltadas para o debate das políticas públicas da área. O evento foi promovido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), instituição ligada ao MCTI, a partir da articulação de mais de 40 instituições e oito ministérios do governo federal.
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