Em uma sala da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), um grupo de jovens se reuniu para transformar sua realidade em arte. Antes de cada um deles declamar suas verdades em forma de versos e rimas, a multiartista Mika – uma das juradas das apresentações – bradava: “A poesia nos renova!”. Em coro, os presentes respondiam: “Slam CJ!”. E assim começou a batalha de poesia falada, modalidade também conhecida como slam.
Realizada nesta terça-feira (19/3), a competição foi uma seletiva para o concurso Poetry Slam. Participaram da disputa, promovida pela Secretaria da Cultura (Sedac), em parceria com as secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), jovens integrantes dos seis Centros da Juventude do Rio Grande do Sul (CJs), projeto vinculado à SJCDH.
A final será realizada no palco Music do South Summit Brazil, na sexta-feira (22/3), às 13h10. O evento é correalizado pelo governo do Rio Grande do Sul e ocorrer no Cais Mauá, em Porto Alegre, de 20 a 22 de março.
Nove participantes, com idades entre 16 e 24 anos, se apresentaram no encontro, realizado na Sala Sérgio Napp, na CCMQ. Em suas poesias, eles falaram sobre temas como a potência, os obstáculos e as demandas sociais dos jovens, dos negros e das mulheres que vivem em territórios vulnerabilizados e que enfrentam diversos processos de discriminação e exclusão.
Seis jovens se classificaram para a final no South Summit Brazil. São eles: Matheus Trindade (Teuzin) e Kelvin da Silva (Du Black), do CJ Ruben Berta; Victor Terra (Relíquia) e Roberta Marques (Marques), do CJ Viamão; e Norton Nunes (Du Santa) e Patrick da Silva (Patrick), do CJ Cruzeiro.
A competição seguiu práticas adotadas em outras batalhas de slam. Por exemplo, antes de cada apresentação, todos os presentes batiam repetidamente com as mãos nas pernas, criando um clima de tensão e expectativa. Além disso, a plateia foi incentivada a reagir a cada nota anunciada pelos jurados. A pontuação máxima (dez) era respondida com um grito coletivo de “uou”, enquanto as notas abaixo desse valor recebiam um “credo”, também falado em coro.
As regras do concurso estavam previstas em edital. Cada participante teve até três minutos para declamar sua poesia, que devia ser autoral, podia ser decorada ou lida na hora e necessitava ter relevância social, abordando, preferencialmente, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A performance devia enfatizar a voz e o corpo do artista, sendo vedada a utilização de figurino, cenário ou instrumento musical. Além de Mika, que atuou como jurada e condutora dos trabalhos, outras duas convidadas julgaram as apresentações: a diretora do Departamento de Igualdade Étnico-Racial da SJCDH, Sanny Figueiredo, e a diretora do Instituto Estadual de Música (IEM), Adriana Sperandir.
Pela Sedac, a atividade foi coordenada pelos assessores técnicos Rochele Lino e Fabrício Marquezin. Estiveram presentes no evento os titulares da Sedac, Beatriz Araujo, e da SJCDH, Fabrício Peruchin, além do diretor do Departamento do Livro, Leitura e Literatura da Sedac, Benhur Bortolotto, do coordenador geral dos CJs, Éderson Ferreira, e do assessor da Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade (Seidape), Antonio da Silva.
Poetry Slam
O vencedor da Poetry Slam receberá o prêmio de R$ 1 mil. O projeto vai permitir também a formação continuada nessa modalidade de competição, com oficinas que estão previstas para iniciar em maio, nos seis CJs. Elas serão abertas a todos os jovens interessados, mesmo que não tenham participado da competição.
Por meio de parceria da Sedac com a Central Única das Favelas (Cufa), o vencedor se apresentará no palco principal da Expo Favela Innovation, que ocorre em setembro de 2024, em Porto Alegre.
Texto: Douglas Carvalho/Ascom Sedac
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom