A agricultora de Caçador, Isa Tauchert, profissionalizou a produção de leite e encontrou qualidade de vida na atividade (Foto: Divulgação / Epagri)
Há cinco anos agricultora de Caçador Isa Boettcher Tauchert, 50 anos, encontrou na produção de leite a qualidade de vida que ela procurava há mais de 30 anos, quando veio do Oeste Catarinense, recém-casada, em busca de uma vida melhor. Com orientação da Epagri, ela profissionalizou a atividade, que deixou de ser complemento da renda e passou a ser o sustento da família.
Na data de hoje, em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a Epagri compartilha a história dessa produtora rural que, como tantas outras, teve a vida transformada a partir de qualificação promovida pela Epagri, criada especificamente para o público feminino, com apoio da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária.
“Antes do curso eu era a sombra do marido, ia para onde ele ia. Hoje eu tenho consciência que consigo, que eu posso, e que as mudanças para a minha vida estão nas minhas mãos.” Isa se refere ao Flor-E-Ser, um projeto da Epagri voltado para mulheres agricultoras e pescadoras que oferece cursos de longa duração onde elas aprendem sobre planejamento e gestão, empreendedorismo, oportunidade de renda e negócio, políticas públicas voltadas às mulheres, cooperativismo, associativismo, cultura e tradição, segurança alimentar, seguridade, boas práticas de fabricação, saúde da mulher, educação socioambiental, liderança, comunicação.
Desde 2019, o Flor-E-Ser vem qualificando agricultoras e pescadoras para serem protagonistas do próprio negócio e ocuparem espaços estratégicos em seus setores. “Essa ação objetiva diminuir as desigualdades e fortalecer o protagonismo feminino promovendo a inclusão socioeconômica deste público”, ressalta a coordenadora do Programa Capital Humano e Social da Epagri, Suselei Brunato Weber. Desde que foi criado, o curso já capacitou 453 mulheres.
Em 2023, a descentralização de recursos do Fundo de Desenvolvimento Rural para a Epagri garantiu o montante de R$8,5 milhões para a Empresa dar continuidade ao trabalho de formação de jovens e mulheres rurais e pesqueiras nos próximos quatro anos.
A transformação gerada pelo conhecimento
Isa é de uma família de produtores de leite em Águas de Chapecó, no Oeste Catarinense, mas em 1993, ao chegar em Caçador, se dedicou à cultura do fumo e ao tomate, que eram tradição no município. Nesse período, ela teve sérios problemas de saúde por conta de intoxicação com nicotina verde e com agrotóxico, que inclusive provocou a perda de uma gestação.
Ela nunca abandonou a produção de leite, mas a atividade era um “troquinho, não era visto como uma atividade profissional capaz de sustentar uma família”, como ela mesmo conta. Mas a partir do conhecimento técnico, a agricultora reestruturou a propriedade, começando pelas pastagen s . “Não há genética que dê conta de ter boa produção de leite se não tem comida pras vacas”, diz ela, que vive em terra própria há 22 anos com o marido Clairton e o filho caçula Arthur. Os mais velhos – Daniel e Gabriel – foram para a cidade em busca de melhores oportunidades, mas já cogitam voltar para o campo, animados com o exemplo da mãe.
Isa também construiu uma sala de ordenha para melhorar a ergonomia no trabalho, introduziu dieta personalizada para as vacas, de acordo com a necessidade nutricional de cada uma. Triplicou o plantel – tinha 8 vacas e hoje tem 16 em lactação e mais 9 novilhas. Atualmente ela produz cerca de 6 mil litros de leite por mês, bem mais que os 1,2 mil litros que produzia há 5 anos.
Boa parte dessas mudanças aconteceram a partir do projeto elaborado por ela no curso Flor-E -Ser, que permitiu o acesso a R$ 30 mil do Fundo de Desenvolvimento Rural para Instalações em pecuária leiteira. Além disso, ela acessou também recursos do programa Prosolo e Água SC , no valor de 14 mil, e do Projeto Terra Boa – Kit forrageira, no valor de R$ 5 mil para pastagens.
“Tenho amor pela vida, por isso tenho gado de leite”. Junto a essa atividade, Isa se dedicou ao embelezamento da propriedade a partir do cultivo de flores, e está investindo em turismo rural. Ela e o marido recebem pequenos grupos que vêm ao local conhecer o cotidiano rural e os animais, bem como o artesanato em madeira produzido pelo marido.
“Antes eu tinha mais contas a pagar do que dinheiro na mão. Hoje consigo planejar melhor as atividades da propriedade e também melhorar as condições da moradia. Até a enxaqueca que eu tinha com muita frequência, sumiu. Nem me lembro mais como era, agora nem tenho mais tempo de ter dor”, diz Isa, sempre com um sorriso contagiante. E ela não quer parar por aí: já está cogitando receber os turistas com um café com sabor da roça. “A próxima realização será fazer minha carteira de motorista e aprender a andar de bicicleta. Tenho certeza que vou conseguir”, diz ela.
A extensionista social de Caçador, Daniela Helena Conorath, afirma que Isa é fonte de inspiração na localidade. “Ela não mede esforços para aplicar os conhecimentos técnicos em busca de melhorias na propriedade. Com isso ela motiva outras mulheres a fazerem o mesmo e isso vem transformando o espaço rural de nosso município”, relata.
O despertar das mulheres do campo e do mar
O Dia Internacional da Mulher foi instituído pelas Nações Unidas em 1975 para representar a luta das mulheres por igualdade nos ambientes social, político e no mercado de trabalho. Para Suselei, algumas mudanças já foram percebidas nesses anos. “Um grande exemplo disso está no espaço rural e pesqueiro, onde as mulheres têm se destacado e mostrado suas infinitas capacidades, contribuindo não apenas para a construção de uma sociedade mais igualitária, mas também fazendo a diferença para alimentar o mundo”, destaca ela.
Suselei também reforça que, na rotina do setor agrícola e pesqueiro, as mulheres são cada vez mais importantes e numerosas, desempenhando inúmeras funções essenciais para essas atividades, o que mostra que há uma crescente representatividade feminina nesses setores. O Flor-E-Ser colabora com esse processo.
Mas o trabalho da Epagri com as mulheres começou bem antes dessa ação. A Empresa atua na capacitação e no acompanhamento desse público, buscando qualificá-lo para a inserção no mercado. Apenas em 2023, cerca de 50 mil mulheres foram atendidas pela Epagri em todas as regiões catarinenses com cursos, palestras e atendimentos na propriedade. Esses cursos são técnicos e profissionalizam as mulheres para atuar e ter sucesso em qualquer cadeia produtiva.
Aliando formação continuada e extensão rural de qualidade, a Epagri contribui para tornar os projetos realidade, viabilizando o acesso a recursos dos governos federal e estadual, o que impacta diretamente no fortalecimento da agricultura e da pesca catarinenses. Em 2023, pelo menos 975 mulheres do campo e do mar acessaram políticas públicas por meio de projetos de créditos elaborados pela Epagri, somando R$ 39,6 milhões. A agricultura de Caçador foi uma delas.
“A mulher é vida, ela dá vida. Ninguém espelha tanto a esperança quanto a mulher. Não há algo que brilhe mais em nosso planeta que nossas mulheres. Não há algo que inspire mais amor, mais verdade. A mulher é singular sob todos os pontos de vista”, frisa Suselei. E por acreditar nisso, a Epagri tem o trabalho com as mulheres rurais e pesqueiras como uma de suas prioridades.
Mais informações e entrevistas:
Suselei Brunato Weber, coordenadora do Programa Capital Humano e Social da Epagri, fone (48) 3631-9452/99966-3833.
Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação/Epagri, fones(48) 3665-5407/99167-3902.