Alagamentos foram registrados em algumas lavouras (Foto: Divulgação/Epagri)
De acordo com o levantamento realizado pela Epagri no meio rural de Santa Catarina, as maiores perdas na agricultura causadas pelas chuvas de outubro estão nas lavouras temporárias, com destaque para o fumo, o trigo e a cebola , seguidas pelas lavouras permanentes e as benfeitorias. Dos 160 municípios catarinenses que decretaram situação de emergência, já foi mapeada a área rural de 155 e registradas perdas em 46.941 propriedades.
As regiões mais afetadas foram o Alto Vale de Itajaí (15.284 propriedades), Planalto Norte (10.233 propriedades) e Planalto Sul (3.730 propriedades). O levantamento também registrou prejuízos com animais, máquinas e equipamentos, horticultura, estoque, leite , pastagem e pomar. Todos esses dados servirão de base para o Governo de Santa Catarina construir propostas de políticas públicas para recuperar ou amenizar as perdas dos produtores rurais.
O presidente da Epagri, Dirceu Leite, frisa que o levantamento ainda não terminou, visto que as chuvas continuam em algumas regiões e que muitas localidades permanecem isoladas e sem acesso dos técnicos da Empresa, responsáveis pelo registro dos dados. “Alguns prejuízos ainda não são possíveis de serem estimados, como é o caso de doenças causadas nas plantas pelo estresse hídrico, perda de produtividade pelo atraso do plantio ou da colheita, perda de peixes de cultivo que tiveram açudes perdidos, erosão, dentre outros”, explica Dirceu.
O levantamento das perdas na agricultura catarinense causadas pelas chuvas de outubro foi realizado em âmbito municipal pela Epagri, com o apoio e parceria da Secretaria de Estado da Agricultura, Cidasc, Ceasa, MAPA, secretarias municipais de agricultura, Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa), Federação dos Trabalhadores na Agricultura de SC (Fetaesc), Federação da Agricultura do Estado de SC (Faesc), Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de SC (Sindicarne), Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de SC (Ocesc) e Instituto do Meio Ambiente de SC (IMA) e Sebrae.
Grãos
No geral, a safra de verão ainda está na etapa inicial de semeadura. As áreas já semeadas, onde ocorreram chuvas intensas, sofreram perdas significativas de solo e nutrientes, afetando o desenvolvimento inicial, a uniformidade e o desempenho das culturas. Além da erosão, houve alagamentos em algumas lavouras, e algumas áreas precisam ser replantadas. Isso tudo é agravado pela menor oferta climática quanto a temperatura e radiação, reduzindo o crescimento das culturas, em especial o milho, feijão e trigo.
Fruticultura
A fruticultura também deverá sofrer impactos na produção. Além das perdas pela erosão em termos de solos e nutrientes, as frutas sofrem pela falta de insolação, devido a longos períodos com dias nublados, que afeta a coloração, o crescimento e o sabor das frutas. Os ventos fortes e o granizo prejudicam diretamente a qualidade dos frutos e a quebra dos ramos nas árvores.
No Planalto Sul, onde se concentra a maior parte da produção de maçã, as chuvas estão prejudicando a floração e a polinização, o que poderá diminuir a produtividade média das lavouras, além de potencialmente, provocar a entrada de doenças.
Horticultura
As perdas na horticultura decorrentes das chuvas excessivas também estão associadas às condições de baixa luminosidade no período. Nos grandes cultivos, como na cebola, o excesso hídrico atinge as plantas na fase crítica que é a formação dos bulbos, principalmente em cultivares precoces. Dos mais de 18 mil hectares cultivados, as perdas são mais significativas na principal região produtora que é o Alto Vale do Rio Itajaí. Também há perdas em áreas de cebola da Serra Catarinense e Vale do Rio do Peixe. Além disso, há preocupação com a incidência de doenças, sobretudo bacterioses e condições de colheita que podem prejudicar o armazenamento da cebola.
Pecuária
Na atividade leiteira, os excessos de chuvas têm influência sobre a produtividade das vacas, ocasionando perdas na ordem de 10 a 15% na produção de leite, principalmente nas semanas de grande intensidade de precipitação. Muitas famílias estão sendo afetadas pelo excesso de chuvas, que prejudicaram a infraestrutura de transporte, derrubaram pontes e danificaram estradas. Há relatos de leite sendo jogado fora por falta de capacidade de coleta.
A bovinocultura é uma atividade praticada por mais de 100 mil famílias no Estado. Destas, 23,3 mil são produtoras de comerciais de leite e aproximadamente 30 mil são produtores de bovinos de corte. Além disso, há um grande contingente de agricultores que possuem bovinos exclusivamente para autoconsumo.
Piscicultura
O excesso de chuva causou alagamentos e enxurradas, o que resultou em registros de transbordamento e de rompimento de viveiros e de açudes, em especial na Região Sul, no Alto Vale do Itajaí e no Planalto Norte, causando prejuízos estruturais e perda parcial, em alguns casos, perda total da produção.
Segundo dados do Observatório Agro Catarinense de 2021, Santa Catarina conta 30.749 produtores de peixes, sendo 2.259 comerciais. A produção total naquele ano foi de 49.946 toneladas.
Chuvas de 100 mm a 465 mm na primeira quinzena de outubro em SC
De acordo com a Epagri/ciram, as primeiras semanas de outubro registraram chuva volumosa, com totais mais elevados e acima de 300 mm em boa parte das localidades do Meio Oeste ao Litoral, e variando de 100 mm a 250 mm no Extremo Oeste e Oeste. No Alto Vale do Itajaí, nas estações meteorológicas de Taió (456 mm) e Mirim Doce (465 mm), foram registrados os totais mais elevados nesse período.
Entre quinta-feira e domingo (19 a 22 de outubro), os volumes de chuva vão diminuir de forma significativa em Santa Catarina, em relação ao observado na primeira quinzena do mês. No entanto, a condição é favorável para temporais isolados no Estado, especialmente no Oeste.
Informações à imprensa
Isabela Schwengber
Assessoria de Comunicação – Epagri
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